Blind Pigs lança vinil com tecnologia inédita no Brasil; confira “The Last Testament”

Os fãs da banda punk rock Blind Pigs, que anunciou o seu fim em 2016, não têm do que reclamar. Neste ano, os porcos cegos decidiram abastecer as prateleiras de vinil dos colecionadores que clamam pela volta da banda. Após o lançamento do inédito “Lights Out” no início do ano, e da edição comemorativa do clássico “São Paulo Chaos”, é a vez do “The Last Testament”, um EP doze polegadas com tecnologia ainda inédita no Brasil.

Com impressão UV digital, o EP parece ser um ‘picture disc’, mas o vocalista Henrike explica que, apesar da semelhança, a sonoridade é outra. “O picture disc tem as ranhuras impressas em uma película de plástico que é colada no vinil, deixando a qualidade sonora aquém de um LP comum. Já o disco com a impressão UV é um vinil transparente, com as ranhuras prensadas direto no lado A do vinil, e a impressão a laser do lado B, que não toca”, revela.
 
“The Last Testament”, é assinado pela gravadora americana Pirates Press Records e conta com as três faixas autoriais do álbum “Lights Out”: “Restless Resistance”, “Steel Toe Judges” e “Not Dead Yet”. Além do formato especial, as músicas do novo lançamento foram remasterizadas nos Estados Unidos por Dan Randall, deixando o som da banda ainda mais potente. “Com essa nova masterização, consegui ouvir nuances que não ouvia antes. O som agora parece um soco na cara” diz o guitarrista Gordo.

Apesar do Blind Pigs ainda não cogitar uma retomada nas atividades, a banda diz que pretende manter os lançamentos em vinil. “Ano que vem, teremos algumas surpresas inéditas em vinil para a ‘legião de inconformados’. Posso adiantar que pelo menos dois compactos serão lançados, um deles é o EP ‘Porcos Cegos’ de 2002”, conta Henrike.

“The Last Testament” já está à venda pelo site da Pirates Press Records. Garanta a sua cópia:https://cutt.ly/hRuKepW

BAYSIDE KINGS reflete os diversos níveisda existência no EP cantado em português

Primeiro registro cantado em português, em 10 anos de carreira da banda santista de hardcore, sai junto ao videoclipe do 3º single, Ronin

Crédito: Jow Head
A existência é repleta de camadas e sensações: da vitória à derrota, da queda à redenção e da decepção à aceitação. Ser alguém único e caminhar com suas próprias convicções, além de saber viver o agora, são algumas das mensagens que o BAYSIDE KINGS escancara – e às vezes dilacera coração e alma – por meio das quatro músicas do EP Existência, o primeiro em 10 anos de carreira em que o quarteto hardcore compõe em português.O EP chega às plataformas digitais via Olga Music. Ouça Existência aqui: https://bfan.link/existencia-livreparatodos.Junto ao EP é lançado o videoclipe da faixa Ronin, que a banda trata como o terceiro single do registro, após a faixa de abertura, Existência, e Miragem. Assista a produção aqui: https://youtu.be/cq0cegOZ8tc.Cada música do EP traz um conceito sobre existir a partir de uma leitura do BSK. As faixas, cuja sonoridade está atrelada a um hardcore rápido e furioso (lançando mão de melodias e cadências quando necessário), funcionam e são inteligíveis tanto individualmente como uma sequência.Existência, a música de abertura, é sobre o fortalecimento do indivíduo. Miragem é a busca utópica de um amanhã que nunca chega, sem perceber que o aqui e agora é o melhor momento.Na sequência vem Ronin, que aborda a busca pelo valor da existência, que significa encarar decepções e escolhas ao longo do caminho. O EP encerra com a forte Alpha e Ômega, que tanto fala de desejos em se desprender de regras pré-concebidas pela sociedade, como também aborda perdas, da dificuldade em encarar o final de algo.Além disso, Alpha e Ômega é a música de transição para o próximo EP, que mais para frente formará, junto ao Existência e outros registros, o álbum #livreparatodos. Tem, inclusive, a participação de Giovani Leite no piano, que executa um interlúdio.No fim, uma dica valiosa do vocalista Milton Aguiar para se ouvir Existência: começar da última faixa, Alpha e Ômega, até Existência. “Tudo tem um sentido, que revelaremos de pouco em pouco. O BAYSIDE KINGS mostra que música pode ser mais do que só música: é uma ideia, um debate e uma lição de vida”, conta.
Videoclipe de RoninCom influência da dinâmica de Cães de Aluguel, um filme clássico do diretor Quentin Tarantino, o clipe e Ronin apresenta diversas questões acontecendo em um mesmo cenário.Como ressalta a banda, a ideia é continuar a história do Caveirinha, que não é o mesmo do clipe de Existência, é um personagem novo. Ele aparece sendo abatido e levado para interrogatório por três pessoas obscuras.”Estas três figuras representam pessoas já assimiladas pelo sistema e que negaram a própria existência para fazer parte de um regime total, por isso usam o saco na cabeça, como sem uma identificação, uma feição. Querem que o Caveirinha se torne como eles”, explica Milton.Ao final do clipe, uma surpresa: é o espectador que vai vislumbrar o desfecho do conflito. “O indivíduo tem o poder de escolha, o poder de realçar e afirmar sua particularidade perante o sistema que tenta a todo custo arrancar sua essência e aniquilar sua existência”, completa o vocalista.
A mudançaO cenário sócio-político nacional de 2018, conta Milton, foi o ponto de partida para a mudança na forma de levar a mensagem do BAYSIDE KINGS. “O agora e o futuro daquele tempo demandava à banda atingir nosso público e ir além de quem já nos conhece, e com uma mensagem uniforme”.As letras em português, portanto, é uma forma de conversa com outros públicos, outras culturas, além de estreitar a relação com a já sólida base de fãs e pessoas ligadas ao hardcore punk.”Queremos abrir novos campos de diálogo”, revela o vocalista, que estudou as métricas do português para adequar a sua forma de cantar – bandas como Colligere e Mais que Palavras são algumas referências para este processo. O resultado está em Existência, em que cada palavra da música é entendida.”Um recomeço, com a experiência e maturidade de 10 anos. “Queremos coisas novas e esse é o momento ideal”, completa Milton.
Ficha técnica▪Existência, o EP, foi gravada no TOTH, em Guarulhos (São Paulo)▪Mix, master e produção de Danilo de Souza e Fernando Uehara (músicos do Bullet Bane)
Acompanhe as novidades da BAYSIDE KINGShttps://linktr.ee/baysidekings

A Renovação da Cena: Entrevista Com Berro Mote

Grande é a minha procura por bandas com integrantes que tenham menos de 25 anos. A música extrema envelheceu e as poucas bandas da gurizada enfrentam enormes dificuldades em conseguir espaço e visibilidade. Seria esse um dos motivos pelos quais o rock em geral envelheceu? Não sabemos, mas o que fazemos é dar espaço para as novas bandas e estimulamos que a cena se renove cada vez mais! Por isso, hoje apresento em entrevista, a banda Berro Mote, que faz um hardcore crust antifascita visceral!

Vocês todos são muito jovens em uma cena envelhecida, na qual quase não vemos
bandas renovadas. Contém um pouco sobre a ideia de montar a banda, e esse início.

João Neto: É curioso como a banda se formou, né? O Paulinho guitarrista da Orgasmo
de Porco se encontrou comigo e o Lewi uma vez e perguntou se eu tinha banda para
um evento que ele estava organizando. Em um mês a banda é formada com o nome
Necronoise para fazer apenas um show e contou com o Lewi na guitarra, Gustavo
Maia na bateria e eu no baixo e vocal, um tempo depois a banda se encerrou, mas
deixando uma lembrança, pois a guitarra usada era do próprio Paulinho que nós
vendeu por 10 reais e a usamos até hoje na Berro.

Bruno: Eu na época, tinha uma amizade com o Lewi e conhecia o João e com isso já
estava acompanhando-os.
Colei no show deles e achei uma loucura que queria participar daquilo, principalmente
porque estavam precisando de um baixista. Semanas após o show o João não queria
mais saber de banda, rock e afins e eu consegui a conhecê-lo a tocar novamente.
Nesse meio tempo já começamos a ensaiar e nisso implantar várias ideias para
seguirmos seriamente com a banda. E vendo que faltava um baterista, chamei o
Rafael, que somos amigos desde época de escola e que tem uma idade próxima da
gente, então não tinha como não convidar.

O que significa o nome Berro Mote?

João Neto: Bom, não vivemos só de músicas extremas. Eu estava ouvindo muito
Belchior e lendo a respeito sobre a vida e os poemas de Torquato Neto. O “Berro” vem
de uma citação de Torquato quando ele fala que as pessoas precisam berrar “…E
fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. citação: leve um homem e um
boi ao matadouro. o que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o
boi. adeusão.” Já o “Mote” que é muito popular nos cordéis, ficou por conta do primeiro
álbum de estreia de Belchior “Mote e Glosa” onde seus primeiros poemas curtos
viraram canções. Nossas letras são curtas e berramos, por isso Berro Mote.

A banda faz um grind-hardcore, tendo como primeiro registro o EP “Jornal Policial”.
Fale um pouco sobre o processo de gravação desse material.

Lewi: As músicas foram gravados no estúdio do Thiago Roxo (Lo-Fi Punkrock) em
março de 2020 e “acidentalmente” virou um EP, pois era pra fazer apenas parte de
um split com a banda Sorry For All de Socorro – SP, porém veio a pandemia e a nossa
gravação já estava pronta e com isso optamos em lança-la, até por conta da
abordagem das letras que tem uma questão mais de política social, que tinha muito a
ver com o que estava ocorrendo no país na época. Na Jornal Policial canção título por

exemplo, criticamos os jornais sensacionalistas que ganham audiência em cima das
dores das famílias e vendendo uma moralidade que nem eles mesmo seguem.

Vocês lançaram o clipe de “Decapitar fascistas” em forma de animação, que ficou
fuderoso. Conte um pouco sobre ele.

Bruno: Foi meio inesperado, pois estávamos parados por conta da pandemia e
precisávamos de um material para manter a banda em relevância, daí apareceu o
Gabigorfo (AnimaToxic), que além de ter feito a capa do nosso EP, trouxe a ideia em
forma de animação. Bom, juntamos o útil ao agradável o momento estava caótico
(ainda está) com as declarações do presidente e pelas coisas que estavam rolando
pelo mundo e um clipe animado transmitindo tudo isso que estamos passando prende
atenção das pessoas, ainda mais com a música Decapitar Fascista não teria como
ficar ruim, passamos a mensagem de forma clara e direta.

Quais são as maiores influências da banda? E quais bandas nacionais vocês
acham que todos deveriam conhecer?

É um pouco de tudo, só na nossa cidade e nos arredores podemos dizer que
crescemos ouvindo, Orgasmo de Porco, Lo-Fi Punkrock, Manger cadáver?, PSG,
Devastação Sob Terror, Discorde, Cruento e por aí vai… Sobre as bandas que todos
deveriam conhecer, Sorry For All que já estão na caminhada há um tempo, os menino
doido do Days Of Hate e os firmeza do Cabra.

Vocês são uma banda totalmente DIY. Falem um pouco sobre a importância da
produção independente, e suas dificuldades.

Rafael: Aqui em SJC sempre representou bem a região do Vale do Paraíba em
quesitos de produção independente, onde já colamos em diversos rolês com sempre
um pessoal diferente organizando. Porém nos últimos anos tem diminuindo bastante
os shows aqui, até porque cada vez mais existe menos lugares para as bandas se
apresentar, principalmente no vale do paraíba, que existe muitas banda boas e vimos
uma oportunidade de fazermos o nosso próprio role, que seria a Berro Fest, onde a
principal proposta é abrir espaço pra bandas que estão começando e muitas vezes
fazer o primeiro show e ter o contato com o público e bandas que já estão na estrada.
Após a pandemia queremos fazer mais edições e torcer que tenha novos espaços
para a cagalera começar organizar mais rolês, algo que é essencial pra toda cena.

A banda é claramente antifascista. Já sofreram algum boicote por isso? Qual é a importância de firmar esse posicionamento atualmente.

João Neto: Não e espero que nunca aconteça, afirmamos a nossa posição desde
sempre. Infelizmente, sabemos que existe pessoas más intencionadas que atrasa o
rolê com ideia torta. Já vimos punks e bangers que só repetem os discursos do
Bolsonaro e ainda dizendo que não se mistura som com política. Isso só deixa mais
evidente que temos que misturar sim! Não devemos abaixar a cabeça, pois esse tipo
de galera só fica na internet enchendo o saco.

Muito obrigado pela atenção. Esse espaço é de vocês. Deixem contatos e as
considerações finais.

De todos: Muito obrigado pelo espaço cedido e a todos que colaram nos nossos
shows, nos apoiaram nesse primeiro ano de banda, pois, underground não se faz
sozinho. Então, apoiem da forma que conseguirem, comprando merch, ouvindo
principalmente a banda, quando for possível colar nos eventos e sempre compartilhar
cada novidade porque os trampos são feitos pra chegar o mais longe possível.
Abração!!!

Acompanhe nosso trampo pelos canais:

YouTube: https://youtu.be/HvLGUBmPYk4
Spotify: https://spoti.fi/35dKJV3
Deezer: http://bit.ly/BerroDeezer
Instagram: https://www.instagram.com/berromote/
Twitter: https://twitter.com/BerroMote

Trabalhadores, uni-vos! Bioma lança álbum “União e Rebeldia”

Há alguns dias, a banda paulistana de queercore Bioma, lançou o clipe de “Cidade Perdida”, música que compõe o álbum “União e Rebeldia”. Assim como outras bandas como Desalmado, Ruim e Trampa, a banda também escolheu o Dia do Trabalhador para lançar seu material (que em breve será resenhado por aqui). As temáticas das letras são causas sociais, indígenas, de gênero e sobre o meio ambiente. Contou com participações Cint Murphy da banda In Venus, e Karine Campanille (Transviada Distro, Mau SangueMessias EmpaladoViolence Increases Fear) que também realizou as captações das músicas.

Fundada em 2017 na cidade de São Paulo por Julia Kaffka (Baixo), Leticia Figueiredo (Bateria), Mayra Vasconcellos (Guitarra), Natália Pinheiro (Natoka – vocal), a banda idealizou o disco de forma que pudesse continuar transmitindo o espírito coletivo e a urgência da união de causas retratados no clipe de Cidade Perdida.  Uma postura que a banda vem se propondo a construir desde sua formação.

Delinquentes: lendária banda de Hardcore Crossover do Pará faz 3 shows em SP

Uma das mais antigas bandas de Rock no Pará em atividade, o Delinquentes fará três shows em São Paulo no mês de dezembro, destilando seu Hardcore crossover, genuinamente amazônico.

A banda fará as seguintes datas: dia 13 de dezembro no 74 Club de Santo André, em 14 de dezembro o grupo toca no Caveira Velha de Jandira, e no dia 15 de dezembro o compromisso dos caras é no Fabrique Clube de São Paulo.

Com um currículo repleto de grandes festivais, turnês pelo país, participação em coletâneas nacionais, além de três discos, um DVD, vários videoclipes e muito material gravado, o Delinquentes passou por todas as grandes transformações da cena independente paraense e se firmou na história da música local, nunca parando de tocar desde seu início, em 1985.

A discografia do grupo traz os álbuns Pequenos Delitos (2000), Indiocídio (2009), o DVD Planeta dos Macacos (gravado ao vivo na Praça da República em 2013) e o último Infectus Humanos (2019).

Lançado em abril deste ano, o CD Digipack Infectus Humanus, foi gravado por Kleber Chaar no Fábrika Studio, produzido por Camillo Royale (Turbo) e mixado e masterizado por Gustavo Vazquez, do estúdio goiano Rocklab. O disco, lançado em parceria de 3 selos: Na Music, Distro Rock Records e a paulistana Orleone Records, contém 11 faixas e é um tapa na cara do conservadorismo dentro da cena rock nacional, um grito contra o conformismo desde a abordagem das letras, passando pelo som cuspido e veloz até a ousada capa, criada pelo designer paraense, premiado dentro e fora do país, John Bogea.

O Delinquentes é Jayme Katarro (vocais/berros), Paulo Henrique (guitarra e backing vocals), Pablo Cavalcante (baixo e backing vocals) e Raphael Lima (bateria e backing vocals).

Ação Direta “Na Cruz da Exclusão”: A Maestria no Hardcore Brasileiro

Com mais de três décadas de estrada, o Ação Direta lança este mês seu novo disco, Na Cruz da Exclusão, que sai numa parceria da Monstro Discos com a Xaninho Discos trazendo uma homenagem à banda Dorsal Atlântica. A versão de ‘Caçador da Noite’ também ganhou um videoclipe já disponível no YouTube.

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“Na Cruz da Exclusão” se inicia com com o som “Devorar”, que conta com uma intro tensa, que dá lugar a batidas insanas e um berro transtornado. “Viver é regredir” é um hardcore rápido com riffs bem construidos e criativos, que quebram pra um refrão insano. Na sequência temos “Secular” que fala sobre crimes ambientais, contra a cultura e o assassinato a 80 tiros, em assassinos que acabam sem punição, devido ao sistema. “Artificial” começa com um riff mais pesado sozinho que na sequência ganha o apoio dos demais instrumentos, ganhando corpo, que logo dá lugar ao hardcore que pede por pogo. “Sitiado” é um dos sons mais legais do trabalho, com uma pegada mais crossover. “Imbecilização da Raça” fala sobre a intolerância vinda de pessoas imbecis, com uma sequência de adjetivos com a letra “i”, é o meu som preferido do trabalho. “Na Cruz da Exclusão”, que dá nome ao álbum, é um som que fala sobre polarização e tem um baixo marcante e riffs clássicos do crust, com um tum pá tum pá convidativo ao pogo. Na sequência temos “What Should I Do With My Life”, único som em inglês, que ficou muito bom. A métrica de Gepeto ficou muito bem encaixada e fácil de grudar em nossas cabeças. É o segundo som mais legal do disco. “O.C.E.A.N.” conta com riffs do metal, com a clássica cavalgada, um ótimo som. “Caçador da Noite” começa com um discurso que dá licença a velocidade. Fechando o disco “Tempos de Individualização” fala sobre a perda do senso coletivo e exacerbada individualização dos tempos atuais.

Esse é mais um dos excelentes trabalhos lançados em 2019 (em que as bandas estão inspiradas pelas desgraças do atual governo) e que tem tudo para se tornar um clássico. Parabéns aos envolvidos!

Hardcore Crust da Amazônia: conheça um pouco mais sobre a Klitores Kaos de Belém/PA

Klitores Kaos é uma banda de crust feminista, de esquerda, antifascista. Formada em fevereiro de 2015, pelas vocalista Grace Dias e baterista Débora Mota, a partir de uma vontade e necessidade de bandas formadas só por mulheres no cenário hardcore punk da cidade, com uma ideologia de fato feminista, como uma forma de expressar nossas ideias, criticar o sistema opressor que serve aos interesses da elite burguesa do país, a desigualdade e caos social de nossa cidade, e enfatizando a questão de gênero também. Fazem um som politizado, pesado e cru! Conversamos um pouco com elas e com a ex-vocalista Grace que continua ativa na banda, apesar da distância.

A banda passou recentemente por uma mudança de formação, devido a viagem da vocalista Luma para Portugal. Falem um pouco sobre essa transição.

Acho que uma das principais dificuldades foi a mudança de formação, quem ficaria no vocal, passaram a Thyrza que segurou as pontas em alguns shows importantes que ja estavam marcados. Depois encontrar uma vocal q ficasse permanente era o desafio. Agora já estão mais orientadas as coisas e a batera assumiu o vocal e ta se saindo muito bem, apenas tendo que se ajustar algumas coisas nas músicas.

A imagem pode conter: 4 pessoas, pessoas em pé, sapatos e óculos de sol

A Klitores Kaos é uma banda com postura e letras antifascistas. Como é o cenário independente em Belém? Há apoio ou repúdio à postura da banda?
A gente recebe muita manifestações de apoio na cena de Belém, muitas minas passaram a ir nos shows depois de um tempo afastadas do cenário, pois se sentiram acolhida com nosso som e letras. Mas claro que há ainda muito machismo, que são expressos através de xingamentos bem baixos na página da banda e até mesmo com assédio de homens em alguns shows. Caras que dizem apoiar a banda, mas tem atitudes super machistas e misóginas, parece que não lêem as nossas letras e nem sacam a ideologia da banda. Apoio que é pura falácia no fim das contas. Somos uma banda de composta por mulheres, feminista e antifascista!

Vocês fizeram um financiamento coletivo para ajudar na gravação do próximo trabalho de vocês e conseguiram angariar os fundos. Como foi esse processo? A galera ajudou na divulgação?

Fizemos no site do vakinha e no começa não tínhamos muita confiança que conseguiríamos arrecadar a grana, mas felizmente valeu a pena a iniciativa pois teve muita divulgação da galera de Belém e de outros Estados, doações da nossa cidade e de fora também, e conseguimos bater a meta que propomos! Aproveitamos pra agradecer novamente todos que ajudaram e divulgaram! Já finalizamos a gravação do EP e esperamos que em breve fique pronto!

Como foi o processo de gravação? Quando o material estará disponível?

O processo de gravação foi algo bem novo pra todas nós, apesar de que já tínhamos passado pela experiência de gravar um tributo a banda Bulimia, tocando uma versão de uma das músicas, gravar nosso próprio som foi diferente, tivemos que ajustar algumas coisas, mas tivemos muito apoio e orientação do Zé Lucas, da banda Sokera, que ta produzindo a gravação do EP, enfim, foi bem emocionante particularmente pra mim registrar nossas músicas próprias, um sonho realizado! O EP ta em processo de finalização da mixagem/produção das músicas, esperamos que em breve fique tudo pronto,pois queremos lançar não apenas em formato digital, mas também físico(inclusive os selos e distros que tiverem interesse em lançar nosso material, só entrar em contato, estamos disponíveis para.conversar, como eu disse,é um procedso novo pra todas nós, de gravação, produção, lançamento, e quem tiver dicas etc para nos passar, agradecemos muito.

A imagem pode conter: 3 pessoas, pessoas no palco
Formação anterior da KK

Indiquem 5 bandas do Pará que vocês curtem e que tem o posicionamento ideológico próximo ao de vocês.

Bad Trip, Alcoólicos Anônimos, Setembro Negro, Aurora Punk e Contraponto Crust.

Quais são os planos futuros da banda?

Em relação a planos futuros, agora que eu e Camila estamos morando bem longe de Belém, acho que principalmente manter s banda na ativa, continuar passando nossa mensagem, mediante as várias dificuldades de cada uma das integrantes (manter uma banda no undeground não é fácil, ainda mais sendo só de.mulheres, com ideologia de esquerda/combativa) escrever e compor mais músicas, para podermos gravar um CD completo um dia, tocar em outros Estados onde ainda não fomos e quem sabe um dia fora do país.

Considerações finais.

Agradecemos a oportunidade em poder falar um pouco sobre a esse processo de resistência que é formar e manter uma banda de mulheres, feminista, formada por proletárias/mãe solo/moradoras de periferia/ estudantes/ lgbt, nesses 4 anos de existência da Klitores Kaos. Esperamos ver cada vez mais minas pirando nos nossos shows, se sentindo mais seguras nesses espaços e incentivar a criação de mais e mais bandas de minas!!! Só a Luta muda a vida!!!!

Direto da Cidade Cemitério, o Terror Revolucionário traz o álbum”Campo de Esperança”

Após completarem duas décadas de existência praticamente sem pausas, a banda de hardcore/crust Terror Revolucionário nos presenteia com uma compilação que conta com nada menos que SESSENTA E UMA MÚSICAS. É mole, mermão? É nada! É brutalidade na veia.

A compilação saiu de forma independente em digipack, lançado e distribuído pela própria banda, contando com sons inéditos e versões raras que estavam arquivados em CDs e fitas k7 antigas. As gravações foram feitas por diferentes formações da história da banda. Aos fãs de música extrema e rápida, é um item indispensável na coleção.

Em Brasília, a cidade cemitério, “Campo da Esperança” é o nome do principal cemitério e por isso, .

Por se tratar de muitas músicas, excepcionalmente não farei a resenha faixa a faixa, mas vou destacar os sons que mais curti. Iniciando o álbum, “Políticos de Carteirinha” é um som que mescla tensão com os graves às passagens rápidas e empolgantes. “Antes agora do que tarde demais” é o terceiro som, e conta com os vocais da baixista Adriana e tem uma pegada mais hardcore. É difícil pular algumas faixas, ainda mais quando se é fã de uma banda, mas “Matando em nome de Deus”, que é o quarto som, merece uma atenção especial, assim como “Educando para destruir”. O 14º som é daqueles que você coloca no repeat, com riffs bem legais e baixo marcado, fica na cabeça. “Cidade Cemitério”, começa com um baixo estalado e com guitarras características do crust, assim como o d-beat da batera. Uma sequência de versões muito legais começam a partir da 18ª música, com destaque para “Vale das Sombras Vale da Morte”, original do Besthöven, “Rumores de Guerra” do Karne Krua e “Quem votou” da New York Against Belzebu, que ficou bruta. Nesse momento estamos no som número 30, com “Câncer Social” e estamos cansados de ouvir? Jamais! Percebemos a diferença de qualidade de gravação, no entanto essa é a magia do Campo da Esperança. “Dia do Operário” é rápido, cru e visceral. “Fora FMI” nos lembra os anos 90 de entreguismos do governo FHC e submissão ao fundo monetário internacional. Esse som se repete em diferentes gravações nas faixas 38 e 52, o que é bem interessante de se ouvir. A partir de “Neste inferno” é outra faixa que prende na cabeça. A partir de “Mudem o Sistema” provavelmente temos o registro de um ensaio ou show ao vivo gravado em k7, e vale como registro histórico de como as bandas divulgavam o seu som antigamente, o que é muito legal (jovens, valorizem a tecnologia que vocês tem acesso).

“Campo da Esperança” é uma ode ao underground Faça Você Mesmo e celebra os 20 anos de uma das bandas mais ativas do nosso país. O Terror Revolucionário nos lembra a todo instante o que é ser uma banda independente do terceiro mundo e porque amamos a cena do DF e, por mais que a realidade nos tire, eles nos enchem de esperança.

https://www.facebook.com/terrorrevolucionario/
https://www.instagram.com/terrorrevolucionarioband/
https://open.spotify.com/album/0G658PyX3ZighVCGWGMntK?si=uZSv9sEyS2S7Fut6AllhPw

Penúria Zero: Crítica Social Sem Deixar de Lado A Diversão

Em atividade desde 2005, a banda Penúria Zero teve início em Luziânia/GO. Após um hiato de alguns anos, a banda retornou com força total em 2011, com variadas formações, sendo que a mais longa delas foi com Tuttis no vocal, Sopão na guitarra, Fabi no baixo e Biscoito na bateria. No inicio do segundo semestre de 2019, Fabi deixa o baixo, vaga assumida por Ismael Braz. Com variadas apresentações em diversos festivais importantes na cidade, como Headbangers Attack, Ferrock e Porão do Rock, a banda também já se apresentou fora do círculo capital, com apresentações na Bahia, Goiânia e em Minas Gerais. Com um álbum e 4 webclipes lançados nos últimos 3 anos, atualmente a banda trabalha em músicas para lançar um EP digital em 2019. Conversamos um pouco com essa galera. Confira!

Vocês estão em atividade desde 2005, tendo alguns lançamentos. Como avaliam a mudança da cena independente nesses 14 anos de banda? O que melhorou e o que piorou?
Olá! Primeiramente gostaríamos de agradecer o convite. Muito obrigado pela oportunidade. Mas vamos lá sobre a pergunta… A banda foi fundada em 2005, mas não deu prosseguimento em suas atividades, por motivos pessoais, a Tuttis (vocalista) teve que se mudar para Paracatu(MG), no mesmo ano, deixando a banda inativa por 6 anos, retornando em 2011. Acho que a principal melhoria nesse tempo, foi na questão dos produtores. Hoje os eventos são na maioria das vezes bem mais organizados
que antes. Antigamente rolava muitos eventos organizados nas “coxas” hehehe Sem hora para começa, sem hora para acabar, as vezes você chegava no local para tocar e faltava: amps, baterias e tals…. Era bastante correria. A parte que está cada dia ficando pior, é fazer o publico sair de casa para prestigiar os eventos, mesmo com eventos mais organizados, com bandas conhecidas nacional e internacionalmente, o pessoal tá preferindo ficar em casa.

As letras de vocês tem um tom divertido, como em “Suco de Cevada” e crítico como em “Santa Hipocrisia”. Quem escreve as letras? Como se dá o processo de composição de vocês?
Então… rsrs. Na banda todo mundo escreve, é tudo junto e misturado. Normalmente alguém cria uma letra, uma melodia em casa manda no grupo da banda (zap), daí já começamos a trabalhar a composição individualmente. No ensaio juntamos tudo e acertamos os detalhes.

Verificamos que a banda teve uma mudança de integrantes, com a saída da baixista. O que podemos esperar dessa nova formação?
Coisa boa, te garanto. hehehe Já estamos ensaiando a algum tempo com novo baixista, que quem acompanha a banda já sabe que é o Ismael Braz (baxista da banda Os Maltrapilhos), o cara já tá aí na cena underground do DF a muito tempo, e é um excelente músico. Se tudo sair como planejado, até o final do ano já teremos novas músicas gravadas com o baixo do Ismael.

Os clipes que vocês possuem lançados se destacam pela produção de qualidade. Falem um pouco deles. Temos certeza que tem alguma história divertida!
Produção de qualidade? hehehe Valeu de mais por ter curtido. Nossa parte de fotos e vídeos são tudo na base do “faça você mesmo” e produzido pela própria banda,
sem roteiro, sem equipamentos caros, só uma nikon D3300 e as ideias na cabeça(que muitas das vez não dão certo). Em exemplo é o clipe de Suco de Cevada, nossa ideia inicial era bolar algo parecido com uma festa(o que aconteceu) e ter umas filmagens externas, filmagens em um bar e tals… Mas chegamos no dia da gravação, tomamos umas pingas e resolvemos simplificar e colocar todo mundo dentro de um banheiro na casa da Fabi (ex baixista) nesse dia consumimos 1L de cachaça + 1,5L de Cantina da Serra + várias caixas de Kaiser.

Vocês são muito ativos na cena do entorno do DF, além de tocar bastante, estão sempre organizando eventos. Como é levar a contra cultura para fora dos grandes centros?
Cara, é trabalhoso e gratificante ao mesmo tempo. Mesmo tirando do próprio bolso para fazer praticamente tudo. E mesmo com os poucos espaços que temos, quando organizamos esses eventos, nós nos sentimos mais vivos, sentimos parte de uma cena que tá lutado pra sobreviver, de uma cena que não quer deixar a “peteca cair”.

Indiquem 5 bandas da região de vocês que vocês curtam e comentem um pouco sobre elas.

Brazzatack, Podrera, Terror Revolucionário, Os Maltrapilhos, Beer and Mess.
Essas são bandas que estão na correria do underground já tem um tempo, tanto produzindo quanto tocando ou simplesmente comparecendo e fortalecendo o rolê.
Quando tiver um tempinho, procure nas mídias digitais, são bandas que realmente fazem a diferença no dia a dia do submundo musical aqui do Distrito Federal.

Considerações finais.
MUITO OBRIGADO pelo convite. É sempre bom encontrar pessoas dispostas a divulgar o nosso underground. Até a próxima.

Com Muito Mais Energia, Sangue Ódio Hardcore Retorna Com Lançamento de Single

Após anos de hiato, a banda Sangue Ódio Hardcore retorna aos palcos já lançando um novo single em lyric video produzido por Marcelo Silva. “Ousar lutar, ousar vencer” foi inspirada na frase de Carlos Lamarca ( militar desertor e guerrilheiro brasileiro, um dos líderes da luta armada contra a ditadura militar instaurada no país em 1964).

A banda planeja lançar um novo EP em breve. Enquanto isso não acontece, confira o single: