A Renovação da Cena: Entrevista Com Berro Mote

Grande é a minha procura por bandas com integrantes que tenham menos de 25 anos. A música extrema envelheceu e as poucas bandas da gurizada enfrentam enormes dificuldades em conseguir espaço e visibilidade. Seria esse um dos motivos pelos quais o rock em geral envelheceu? Não sabemos, mas o que fazemos é dar espaço para as novas bandas e estimulamos que a cena se renove cada vez mais! Por isso, hoje apresento em entrevista, a banda Berro Mote, que faz um hardcore crust antifascita visceral!

Vocês todos são muito jovens em uma cena envelhecida, na qual quase não vemos
bandas renovadas. Contém um pouco sobre a ideia de montar a banda, e esse início.

João Neto: É curioso como a banda se formou, né? O Paulinho guitarrista da Orgasmo
de Porco se encontrou comigo e o Lewi uma vez e perguntou se eu tinha banda para
um evento que ele estava organizando. Em um mês a banda é formada com o nome
Necronoise para fazer apenas um show e contou com o Lewi na guitarra, Gustavo
Maia na bateria e eu no baixo e vocal, um tempo depois a banda se encerrou, mas
deixando uma lembrança, pois a guitarra usada era do próprio Paulinho que nós
vendeu por 10 reais e a usamos até hoje na Berro.

Bruno: Eu na época, tinha uma amizade com o Lewi e conhecia o João e com isso já
estava acompanhando-os.
Colei no show deles e achei uma loucura que queria participar daquilo, principalmente
porque estavam precisando de um baixista. Semanas após o show o João não queria
mais saber de banda, rock e afins e eu consegui a conhecê-lo a tocar novamente.
Nesse meio tempo já começamos a ensaiar e nisso implantar várias ideias para
seguirmos seriamente com a banda. E vendo que faltava um baterista, chamei o
Rafael, que somos amigos desde época de escola e que tem uma idade próxima da
gente, então não tinha como não convidar.

O que significa o nome Berro Mote?

João Neto: Bom, não vivemos só de músicas extremas. Eu estava ouvindo muito
Belchior e lendo a respeito sobre a vida e os poemas de Torquato Neto. O “Berro” vem
de uma citação de Torquato quando ele fala que as pessoas precisam berrar “…E
fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. citação: leve um homem e um
boi ao matadouro. o que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o
boi. adeusão.” Já o “Mote” que é muito popular nos cordéis, ficou por conta do primeiro
álbum de estreia de Belchior “Mote e Glosa” onde seus primeiros poemas curtos
viraram canções. Nossas letras são curtas e berramos, por isso Berro Mote.

A banda faz um grind-hardcore, tendo como primeiro registro o EP “Jornal Policial”.
Fale um pouco sobre o processo de gravação desse material.

Lewi: As músicas foram gravados no estúdio do Thiago Roxo (Lo-Fi Punkrock) em
março de 2020 e “acidentalmente” virou um EP, pois era pra fazer apenas parte de
um split com a banda Sorry For All de Socorro – SP, porém veio a pandemia e a nossa
gravação já estava pronta e com isso optamos em lança-la, até por conta da
abordagem das letras que tem uma questão mais de política social, que tinha muito a
ver com o que estava ocorrendo no país na época. Na Jornal Policial canção título por

exemplo, criticamos os jornais sensacionalistas que ganham audiência em cima das
dores das famílias e vendendo uma moralidade que nem eles mesmo seguem.

Vocês lançaram o clipe de “Decapitar fascistas” em forma de animação, que ficou
fuderoso. Conte um pouco sobre ele.

Bruno: Foi meio inesperado, pois estávamos parados por conta da pandemia e
precisávamos de um material para manter a banda em relevância, daí apareceu o
Gabigorfo (AnimaToxic), que além de ter feito a capa do nosso EP, trouxe a ideia em
forma de animação. Bom, juntamos o útil ao agradável o momento estava caótico
(ainda está) com as declarações do presidente e pelas coisas que estavam rolando
pelo mundo e um clipe animado transmitindo tudo isso que estamos passando prende
atenção das pessoas, ainda mais com a música Decapitar Fascista não teria como
ficar ruim, passamos a mensagem de forma clara e direta.

Quais são as maiores influências da banda? E quais bandas nacionais vocês
acham que todos deveriam conhecer?

É um pouco de tudo, só na nossa cidade e nos arredores podemos dizer que
crescemos ouvindo, Orgasmo de Porco, Lo-Fi Punkrock, Manger cadáver?, PSG,
Devastação Sob Terror, Discorde, Cruento e por aí vai… Sobre as bandas que todos
deveriam conhecer, Sorry For All que já estão na caminhada há um tempo, os menino
doido do Days Of Hate e os firmeza do Cabra.

Vocês são uma banda totalmente DIY. Falem um pouco sobre a importância da
produção independente, e suas dificuldades.

Rafael: Aqui em SJC sempre representou bem a região do Vale do Paraíba em
quesitos de produção independente, onde já colamos em diversos rolês com sempre
um pessoal diferente organizando. Porém nos últimos anos tem diminuindo bastante
os shows aqui, até porque cada vez mais existe menos lugares para as bandas se
apresentar, principalmente no vale do paraíba, que existe muitas banda boas e vimos
uma oportunidade de fazermos o nosso próprio role, que seria a Berro Fest, onde a
principal proposta é abrir espaço pra bandas que estão começando e muitas vezes
fazer o primeiro show e ter o contato com o público e bandas que já estão na estrada.
Após a pandemia queremos fazer mais edições e torcer que tenha novos espaços
para a cagalera começar organizar mais rolês, algo que é essencial pra toda cena.

A banda é claramente antifascista. Já sofreram algum boicote por isso? Qual é a importância de firmar esse posicionamento atualmente.

João Neto: Não e espero que nunca aconteça, afirmamos a nossa posição desde
sempre. Infelizmente, sabemos que existe pessoas más intencionadas que atrasa o
rolê com ideia torta. Já vimos punks e bangers que só repetem os discursos do
Bolsonaro e ainda dizendo que não se mistura som com política. Isso só deixa mais
evidente que temos que misturar sim! Não devemos abaixar a cabeça, pois esse tipo
de galera só fica na internet enchendo o saco.

Muito obrigado pela atenção. Esse espaço é de vocês. Deixem contatos e as
considerações finais.

De todos: Muito obrigado pelo espaço cedido e a todos que colaram nos nossos
shows, nos apoiaram nesse primeiro ano de banda, pois, underground não se faz
sozinho. Então, apoiem da forma que conseguirem, comprando merch, ouvindo
principalmente a banda, quando for possível colar nos eventos e sempre compartilhar
cada novidade porque os trampos são feitos pra chegar o mais longe possível.
Abração!!!

Acompanhe nosso trampo pelos canais:

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