Resenha: Dead Enemy “Kwowing The Enemy” (EP 2020)

Resenha: Dead Enemy - Knowing The Enemy (2020) - Roadie Metal

O Ceará é um grande produtor de ótimas bandas de thrash/crossover, a mais recente que conheci trata-se da Dead Enemy, banda incrível que leva ao pé da letra o “Toque Rápido ou Morra” O quarteto de Fortaleza tem energia de sobra em suas composições, e provavelmente os shows devam ser insanos.

Com baixo bem marcado, riffs furiosos e batera frenética, “Kwowing The Enemy” é um dos lançamentos que são a grata surpresa de 2020. Se você curte D.R.I e Municipal Waste, esse EP é perfeito pra você, pois além dessas referências, tem a identidade brazuka, do thrash que só a gente sabe fazer. Salvo algumas questões relacionadas a volumes na mix e master, esse é um trabalho muito bacana, bem executado e que nos evidencia o que ainda está por vir dessa banda fuderosa.

CONHECENDO O INIMIGO FAIXA A FAIXA

“Politicians are like a cancer” inaugura o mosh veloz com apenas um minuto de vinte segundos. “Words of Lying Fellowship” é, com certeza, a melhor música deste trabalho, com riffs clássicos do thrash e vocal muito bem colocado. Na sequência temos “Blessed Pippets” que segue aquela linha mais aos moldes do hardcore, com destaque ao vocal gang. “Take me Out of This Application”, por sua vez é um daqueles sons insanos, com peso e velocidade na medida certa. “Bomberstorm” conta com riffs que lembram um pouco a Motorhead, é som pra galera do metalpunk pirar e agitar toda junta. “Broken Shape” fala pelo esporte preferido de 10 em 10 thrashers: skate. É o único que não possui letra calcada na crítica social. Por fim, temos “Fight” é um som extremamente criativo, que com menos de 2 minutos, nos leva de volta aos anos 90.

O trabalho saiu por um coletivo de selos, dentre eles Vertigem Discos, Jazigo Distro, Zuada Recs, Metal Island, Helena Discos entre outros.

Tracklist
1 Politicians are like cancer
2 Words of lying fellowship
3 Blessed puppets
4 Take me out of this application
5 Bomberstorm
6 Boken shape
7 Fight

Formação
Junior Linhares – guitarra
Mateus Sales – bateria
Dejane Grrl – baixo
Fernando Gomes – vocal

Red Razor Inflama o Cenário Com Proposta Revolucionária

Os fãs de thrash metal old school em breve receberão o novo trabalho da excelente banda Red Razor. “The Revolution Continues” promete ser um grande álbum de um metal posicionado politicamente e que tem uma atividade forte no DIY catarinense. Se você gosta de bandas como Metallica, Testament, Annihilator, Anthrax, Megadeth, Slayer, Kreator, Pantera, Sepultura, Destruction, Overkill, Exodus, a Red Razor é a banda pra você.

Foto por Nefhar Borck

Vocês estão prestes a lançar um novo álbum, o “The Revolution Continues”. Fale um pouco sobre o conceito, ilustração, selos…

Eu diria que “The Revolution Continues” marca uma transição importante na banda. Ano passado, quando estávamos prestes a entrar em estúdio, tivemos a primeira mudança na formação desde 2012. Além disso, nosso disco anterior foi escrito entre 2012 e 2014 e portanto tinha um clima mais festivo, que refletia um pouco do período que o Brasil vivia, depois de anos de crescimento da economia e da posição que o país ocupava no xadrez político internacional. Embora houvesse músicas com posicionamento mais sério, tipo “Controversial Freedom” ou “Temple of Lies”, a gente se sentia bastante confortável em cantar sobre cerveja. A partir de 2015, intensificou o crescimento da extrema direita, tivemos o golpe em 2016 e a eleição de um psicopata para presidente em 2018, então era natural que nossa postura fosse ficando mais politizada. No entanto, no disco temos músicas escritas entre 2013 e 2018 e há uma mescla entre material mais político e material mais festeiro e por isso digo ser um disco de transição, que está representada na capa, feita pelo Andrei Bouzikov (Violator, Municipal Waste, Toxic Holocaust, etc), que traz a revolução da cerveja (primeiro disco) se transformando numa revolução política. O disco será lançado por nós de forma independente mas com a parceria de 6 selos, sendo dois aqui do sul (Under Machine e Antichrist Hooligans Distro), dois do sudeste (Helena Discos e Tales From the Pit) um do norte (Escória Distro) e um do nordeste (Resistência Underground). Estamos também na reta final pra acertar o lançamento dele no exterior.

A banda tem um posicionamento antifascista claro. Em uma época em que boa parte da cena metal acredita que não se deve misturar música e política, como tem sido a recepção do público ao som de vocês?

A gente perdeu alguns fãs e ganhou outros, o que era esperado. Ninguém gosta de perder fãs, mas as vezes é inevitável. A parte mais positiva é que tu traz pra perto de si pessoas mais identificadas e engajadas com a tua própria forma de pensar, o que reduz fadigas futuras rs.

Como está a cena catarinense em relação a shows, bandas e público? O que vocês destacam?

A cena catarinense sempre foi forte localmente, mas poucas bandas conseguem ir levar seu som pra fora do estado. Há um certo circuito de festivais que dá palco pra galera daqui, mas há muito pouco interesse do centro do Brasil (leia-se SP, principamente) sobre a cena daqui. Há muita gente querendo vir tocar nos festivais daqui, como Maniacs Metal Meeting ou Otacílio Rock Festival, mas pouco interesse de produtores de outros estados em levar as bandas daqui pra tocar fora.

Foto por Nefhar Borck

Como vocês avaliam a influência da conjuntura atual do país na nossa cena? Vocês acreditam que está enfraquecendo ou fortalecendo?

Do ponto de vista de produção cultural, acho que fortalece. Os melhores discos de música brasileira foram feitos no período da ditadura militar, justamente porque a arte era um dos refúgios que as pessoas encontravam pra poder se expressar. Então houve discos fantásticos de Chico Buarque, Sérgio Sampaio, Belchior, Zé Ramalho, todo o movimento da psicodelia pernambucana (Ave Sangria, Lula Côrtes, Marconi Notaru, etc), assim como o nascimento das cenas punk, com Ratos, Cólera, Olho Seco e metal nos anos 80, com Sepultura, Vulcano, Dorsal Atlântica, entre tantos outros. De outra parte, acho que enfraquece os eventos, com a polícia se sentindo empoderada e realizando prisões ilegais como temos visto acontecer. Isso pode deixar alguns produtores com medo.

Quais são os planos futuros da banda?

Queremos fazer turnê, tocar pelo Brasil e no exterior. Estamos muito satisfeitos com o resultado alcançado no disco e acreditamos que quem se der ao trabalho de ouví-lo vai gostar também. Se tudo correr como planejado, lançaremos um clipe junto com o disco pra ajudar a promovê-lo.  A gente espera que não demore tanto pra lançar o disco seguinte como foi esse hiato de 4 anos entre o primeiro e segundo disco. 

 Podemos esperar uma tour nordeste?

Com certeza, o plano original era lançar o disco em julho e fazer a turnê pelo Nordeste já em agosto, mas não conseguimos acertar shows suficientes, então no momento estamos bolando uma tour pro nordeste em novembro desse ano ou no mais tardar ano que vem. 

Considerações finais.

Obrigado mais uma vez pelo espaço. Com tantos veículos de mídia se fingindo de isentos mas fiéis ao Bolsonarismo, é indispensável a existência de blogs como “O Colecionador”.

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