O Brasil é continental e também conta com bandas excelentes fora do eixo Rio/São Paulo. Sabemos o quanto é difícil para bandas de todas as regiões conseguir propagar o seu som pelo país. Por isso, sempre que possível, iremos indicar 5 bandas de cada um dos 26 estados e Distrito Federal. Hoje, começamos com o estado de Santa Catarina. Esperamos que vocês ouçam e curtam!
RED RAZOR, Thrash Metal Revolucionário
Se você é fã de thrash ao melhor estilo Kreator, que mescla revolução, riffs velozes e, aquilo que não pode faltar em um bom show, cerveja, Red Razor é uma das bandas mais interessantes do estado. O quarteto, que é da capital Florianópolis, se destaca pela execução enérgica dos sons, em composições ricas em detalhes e fáceis de grudar na cabeça.
Santa Catarina ficou conhecida por produzir bandas de grindcore excepcionais como a Homicide (que não está mais em atividade), e ainda hoje continua fazendo escola. É o caso da banda de Jaraguá do Sul (Jaragrind) Hauser. Na clássica pegada em que você não pode piscar, senão perdeu 4 sons, a banda despeja fúria agressiva em riffs pesados e bateria que é uma marretada na cabeça. Os fãs da anti música agradecem.
REST IN CHAOS, Semeando o Caos com seu Thrash/Death
Com um dos melhores lançamentos de 2020, a Rest in Chaos é uma agradável surpresa, oriunda de Florianópolis, para quem curte um som mais técnico, porém não menos agressivo. A banda tem ganhado notoriedade tanto por sua qualidade musical e de audiovisual, quanto pelo espírito DIY. Thrash metal, com referências de death metal e até alguns toques de bandas como Gojira. Destaque para o baterista Marlon Joy (Ex Homicide), que está mais violento que nunca na execução das músicas.
Cäbrä Negrä, Grind Crust do TinhosoContra o Neofascismo
Conhecemos a banda em uma indicação no Canal Scena e depois de conferir do Ao Vivo, ficamos ainda mais fãs do trio que também é de Jaraguá do Sul. Com agressividade constante, a banda não tem baixista e, sinceramente, não fez falta no som, pois todo o peso já está ali! Em um dos estados mais conservadores do país, eles dão a cara a tapa e lutam claramente contra o neofascismo. Em atividade desde 2018, é um dos nomes que prometem renovar a cena com força.
Pra quem acha que a brutalidade só fica no metal e no grind, está muito enganado. A banda Eutha é uma das mais ativas e representativas do estado, somando com bandas, coletivos e levando sua palavra a frente. Pra quem é fã de hardcore anos 90, a indicação é quente, com riffs pesados do metal e vocal característico do estilo. Se você ainda não viu o vídeo de pandemia “Made in Desterro”, corre pro YouTube dos caras, pois está pesado!
Eta ano bom de acabar! Só direito perdido, a milícia no poder, a polícia matando preto e pobre como nunca antes… A única coisa boa que Bolsonaro fez por esse país, foi inspirar bandas em grandes lançamentos. Então para fechar o ano com algo decente, fica aqui a nossa lista de melhores lançamentos (ou os que a gente mais gostou). Desde já agradeço ao apoio de todos que leram e compartilharam nossas matérias. O underground é feito por todos!
Álbuns
SURRA – Escorrendo Pelo Ralo
Possivelmente a banda que mais tocou em 2019. O Surra elevou o seu thrash punk a um estilo único, sem medo de mesclar elementos do metal e até do grindcore. Grande destaque para as letras que estão mais maduras e nos inflamam para a resistência.
SPIRAL GURU – Void
Disco extremamente bem gravado e executado, que mescla o stoner ao melhor estilo Sabbath, com elementos experimentais, do doom e mesmo do pós-punk. Void colocou a Spiral Guru dentre os maiores nomes do gênero no Brasil e com certeza, fora do país a banda irá alcançar um público ainda maior.
MANGER CADAVRE? – AntiAutoAjuda
Um dos discos que me fez chorar ao acabar de ler o encarte. Mas foram lágrimas de esperança. Um hardcore crust visceral, com uma estrutura narrativa, emociona pela construção dos elementos sonoros e temática anticapitalista que nos guia para um outro caminho possível.
RED RAZOR – The Revolution Continues
Consciência de classe + Anticapitalismo + Cerveja. Essa combinação somada a músicos extremamente bons só poderia resultar em um álbum fuderoso, que faz você querer ouvir outras vezes e clamar a revolução. Felizmente eles estarão no Abril Pro Rock 2020 e poderei conferir de perto essa destruição sonora.
NERVOCHAOS – Ablaze
Mais satânicos do que nunca, o NervoChaos traz o seu melhor trabalho até então. com identidade e evolução criativa nas músicas. A banda apresenta um retorno ao death/thrash metal da velha escola, eles incorporaram também alguns detalhes do black metal com uma pegada mais crua, primitiva (nada mais acertado, tendo em vista a temática do álbum).
BAIXO CALÃO – Necrológio
Grindcore niilista de Belém do Pará, já tinha nosso respeito, agora com o vocal de Monise, está ainda mais arretado. Com dezoito sons que fogem do grind mais do mesmo, ainda conta com vinhetas muito massas e uma linha que caminha para a morte. Excelente lançamento. Detonem no Obscene Extreme, pois vocês merecem demais.
TORMENT THE SKIES – Impure
A banda de death metal de Natal (RN), Torment The Skies, uma das gratas surpresas do ano. O disco trata do conceito do Inferno, segundo Dante e leva os ouvintes para uma viagem ao submundo, ficando cara a cara com a podridão do ser humano. O último álbum havia sido lançado em 2014, e podemos notar uma grande evolução nas composições que estão mais trabalhadas e na qualidade técnica da gravação.
HATEFULMURDER – Reborn
Um dos grandes nomes do Thrash/Death brasileiro nos presenteou com o álbum Reborn, que conta com nove sons intensos, raivosos e de qualidade técnica impecável. Os urros de Angelica Burns denotam o porque é considerada uma das grandes fronts brasileiras. Trabalho maduro que coloca a banda em um outro patamar.
TEST – O Jogo Humano
Banda que possui longa jornada no underground, mas só conheci recentemente pelo álbum “O Jogo Humano”. O disco é composto de forma que o ouvinte pode montar a ordem que quer ouvir e ainda assim o disco fará sentido. Destaque as letras foram compostas por vários autores. Grindcore com Black metal que gerou um estilo próprio.
AÇÃO DIRETA – Na Cruz da Exclusão
Com mais de três décadas, o Ação Direta ainda nos surpreende. “Na Cruz da Exclusão” é mais um dos excelentes trabalhos lançados em 2019 (em que as bandas estão inspiradas pelas desgraças do atual governo) e que tem tudo para se tornar um clássico.
TERROR REVOLUCIONÁRIO – Campo de Esperança
Após completarem duas décadas de existência praticamente sem pausas, a banda de hardcore/crust Terror Revolucionário nos presenteia com uma compilação que conta com nada menos que SESSENTA E UMA MÚSICAS. É mole, mermão? É nada! É brutalidade na veia.
REALIDADE ENCOBERTA “Não Vivamos Mais como Escravos”
E falando em Ação Direta, uma ótima banda que bebeu nessa fonte foi a Realidade Enconberta que lançou o excelente “Não Vivamos Mais como Escravos” que tem o hardcore como base, num crossover com o metal. Posiconamento + som porrada!
QUESTIONS – Libertem
Primeiro álbum da banda paulistana gravado ACERTADAMENTE em português. O hardcore dos caras que geralmente trazem o PMA, nesse discos está com bastante raiva conscientemente dirigida (e necessária nesses tempos de fascismo). No instrumental encontramos peso e muita energia.
CROTCH ROT – Brochas From Hell
O goregrind brasileiro conta com bandas muito boas, com um instrumental bem executado e as temáticas gore que para alguns causam ânsia, mas para a maioria dos fãs do estilo, são diversão pura. O Crotch Rot, que é uma banda de Curitiba, em seu novo trabalho conseguiu unir a temática à crítica a misoginia sem deixar o deboche de lado.
PATA – Shit and Blood
Em meados de junho, a banda mineira Pata lançou o álbum “Shit and Blood“, que conta com dez músicas. O trio, que é formado por Lúcia Vulcano (guitarra e voz), Beatriz Moura (bateria) e Luís Friche (baixo), possui influências do grunge e do punk, tendo como maior referência a L7.
KULTIS – The Black Goat
Thrash metal que tem contos de H.P. Lovecraft como base nas letras, Kultist nos presenteou com o ótimo álbum “The black goat”. Fiquei muito contente em ouvir uma banda que puxa para o thrash mais arrastado, com riffs melhor trabalhados, com referências de Kreator e algumas coisas de Sepultura e Slayer.
EPs
MERCY KILLING – Escravo Neoliberal
Com três sons destruidores, Mercy Killing mostra porque é um dos grandes nomes do metal paranaense. Com o vocal poderoso de Tati, a banda mostra postura política e riffs empolgantes. Esperamos tê-los por Recife em breve, pois o trabalho é conciso e de qualidade.
PETALS BLADE – Holocausto
Thrash Death Metal de Castanhal no Pará, a banda Petals Blade lançou o EP “Holocausto” que conta com seis músicas com muito peso e muita raiva. Letras contestadoras, totalmente em português, mostram a realidade nua e crua do Brasil. Anote esse nome, pois o potencial é para grandes álbuns futuros.
BUFFALO LECTER – Bufalo Lecter
EP de estreia da banda natural de Recife, que faz um rock instrumental, com nuances experimentais muito concisas e criativas. A banda começou mandando brasa e enriquecendo a cena local pernambucana.
TEMPOS DE MORTE – Depression
Para quem é fã de bandas de gótico pós punk como Plastic Noir, Depression é o EP lançado pela banda paulista Tempos de Morte que nos faz voltar para os anos 80. A mensagem não é positiva, mas por que não curtir o fim do mundo com ótima música. Som fuderoso, que agrada de góticos à headbangers.
QUILOMBO – Itankale Com inspiração na realidade vivida pelo povo preto desde sempre, o EP conta com seis músicas, com lançamento pela Sangue Frio Produções. Buscando fugir da historiografia contada pelo povo opressor (que tentam justificar o injustificável), as letras contam com um estudo aprofundado, além da participação do percussionista Binho Gerônimo, que trouxe elementos originários da África no EP.
COSMOGONIA – Reviva
Quem viveu o final dos anos 90 vai se recordar do boom de bandas riot grrrls que aconteceu no Brasil. Dentre elas, uma das mais importantes foi a Cosmogonia. Treze anos após o último lançamento, e um hiato de shows, a banda volta com uma grande bagagem de apresentações e lança EP com três sons inéditos.
BRAZATTACK – Oposição Cotidiana
O Distrito Federal Caos é o principal celeiro de ótimas bandas de hardcore. Brazlândia, que é uma das cidades satélites do DF não poderia ficar de fora. É de lá que vem a banda Brazattack, que lançou esse ano o seu primeiro trabalho, o EP “Oposição Cotidiana”. Hardcore metal com muito conteúdo politizado.
SPLITS
“Inflamar” – Manger Cadavre?, No Rest, Vasen Käsi e Warkrust
Split 4 way com quatro dos grandes nomes do crust nacional (em diferentes vertentes). Para mim, foi o lançamento mais significativo do ano se tratando da temática, sonoridade, arte e importância no cenário underground.
“Obliteration” Pandemmy & Abscendent
Pandemmy, uma banda de Thrash/Death Metal daqui de Recife, contou com Rayanna Torres no vocal nesse trabalho, que executou de forma impecável. Já o Abscendent, é uma banda de Death Metal originária da cidade de Lazio, na Itália. O trabalho está muito bem gravado e executado, e é motivo de orgulho que o nosso metal esteja ganhando o mundo.
Aphorism x Rabujos
Duas das bandas mais extremas do nordeste brasileiro se uniram nesse split que conta com brutalidade, sujeira, qualidade de execução e gravação, mostrando que não brincam em trabalho. Você encontra crust, death metal e nas duas bandas, vocais furiosos. Música extrema somada a consciência e qualidade elevada! Porrada no fascismo.
“Enfermo” – Narcose e Dësterrö
Barulho, distorção, duas baterias, gritedo e coisarada é o que você encontra no split. Tem sludge, mas tem um monte de outras coisas também incluindo desespero. O split foi registrado com gravação em apresentação ao vivo da Narcose, e por isso possui soa lo-fi, mas nem por isso perde sua identidade.
É isso! Estamos de férias e até manteremos as publicações de notícias, mas as resenhas ficarão para ano que vem. Continuem enviando material para ser resenhado. Obrigado por compartilharem nossos textos. Continuem produzindo som infernal. Que em 2020, sigamos o exemplo de nossos irmãos do Chile, enfrentemos o fascismo nas ruas até a vitória!
Uma das gratas surpresas que 2019 me reservou, foi conhecer o trabalho da banda catarinense Red Razor. Justamente em um dos estados com maior índice de apoio a Bolsonaro, é de onde surgiu um dos melhores trabalhos lançados esse ano: The Revolution Continues, lançado pelos selos Under Machine Records, Helena Discos, Resistência Underground, Escória Distro, Antichrist Hooligans Distro e Tales From the Pit . Para os fãs de thrash metal da velha escola, o disco é obrigatório.
capa é assinada por Andrei Bouzikov (Municipal Waste, Violator, Toxic Holocaust, S.O.D., Autopsy…)
Neste disco eles incluíram novos elementos musicais, principalmente de Death Metal, com vistas a construir uma sonoridade mais própria, respeitando as suas influências mas criando algo mais original. Além disso, o teor político nunca esteve tão em evidência. ” Entendemos que a arte é um importante mecanismo político e não podemos fechar os olhos à ascensão do pensamento fascista no país, trazendo músicas com temática voltada a denunciar o processo de ruptura com a democracia que estamos vivenciando desde 2016 (RIP Democracy) e o agravamento da violência contra populações periféricas (Violent Times) ” – comentam.
Faixa a Faixa
A faixa que dá nome ao disco, abre o álbum com riffs clássicos do thrash metal e muita energia. A letra coloca a revolução como um fato, a revolta da cerveja. Em um tom divertido, a mensagem na realidade ressalta a importância do boicote a grandes corporações multinacionais que injetam um grande capital em propaganda, crítica ao que as mesmas fazem com a nossa terra e pede apoio aos pequenos comerciantes.
For Those About Thrash entra na sequência é uma ode aos thrasers e justamente por isso começa com uma levada perfeita para o circle pit. Com solos excelentes de Daniel Rosick e Fabricio Valle, tem tudo para se tornar um clássico da banda.
Violent Times, por sua vez, denuncia a indústria armamentista que corrompe o estado (vide aqui a bancada da bala) e mata todos os dias o povo periférico em uma falsa guerra contra as drogas. Destaque para o baixo que gruda na nossa cabeça;
Born in South America é o single que já havia sido lançado pela banda e tem destaque pra batera que é colocada à velocidade da luz. Mermão, que som! Peso, velocidade, raiva. Tem tudo nesse som. A letra retrata a exploração indígena pelos primeiros colonizadores, exploração essa que se estende aos dias de hoje, pelos neoimperialistas.
R.I.P Democracy fala sobre a votação que perpetuou o golpe no Brasil. Votação sem crime de responsabilidade, mas por Deus, pela Família, a nossa democracia morreu. Solos muito bem executados e nada chatos, vocal e backing vocals são os destaques do som.
Sour Power é outro som que liga cerveja à revolução em analogias. E que riffs, meus amigos. É pra ficar tonto, como numa bebedeira!
Brewtal Mosh fala da realidade do trabalhador explorado em subempregos que odeiam, e buscam na cerveja e no mosh um escape para a realidade. O destaque desse som é o vocal que é colocado em alguns momentos como Tv Party do Black Flag. Instrumental perfeito. É um dos pontos altos do disco.
Fechado o trabalho temos The Sadist, narra o nascismento do serial killer conhecido como Vampiro de Düsseldorf. Com vocal mesclando o gutural com o gritado, clássico do thrash, e andamentos criativos, celebra com chave de ouro essa ode ao thrash metal brasileiro.
Track List:
1. The Revolution Continues 2. For Those About to Thrash 3. Violent Times 4. Born in South America 5. RIP Democracy 6. Sour Power 7. Brewtal Mosh 8. The Sadist
Os fãs de thrash metal old school em breve receberão o novo trabalho da excelente banda Red Razor. “The Revolution Continues” promete ser um grande álbum de um metal posicionado politicamente e que tem uma atividade forte no DIY catarinense. Se você gosta de bandas como Metallica, Testament, Annihilator, Anthrax, Megadeth, Slayer, Kreator, Pantera, Sepultura, Destruction, Overkill, Exodus, a Red Razor é a banda pra você.
Foto por Nefhar Borck
Vocês estão prestes a lançar um novo álbum, o “The Revolution Continues”. Fale um pouco sobre o conceito, ilustração, selos…
Eu diria que “The Revolution Continues” marca uma transição importante na banda. Ano passado, quando estávamos prestes a entrar em estúdio, tivemos a primeira mudança na formação desde 2012. Além disso, nosso disco anterior foi escrito entre 2012 e 2014 e portanto tinha um clima mais festivo, que refletia um pouco do período que o Brasil vivia, depois de anos de crescimento da economia e da posição que o país ocupava no xadrez político internacional. Embora houvesse músicas com posicionamento mais sério, tipo “Controversial Freedom” ou “Temple of Lies”, a gente se sentia bastante confortável em cantar sobre cerveja. A partir de 2015, intensificou o crescimento da extrema direita, tivemos o golpe em 2016 e a eleição de um psicopata para presidente em 2018, então era natural que nossa postura fosse ficando mais politizada. No entanto, no disco temos músicas escritas entre 2013 e 2018 e há uma mescla entre material mais político e material mais festeiro e por isso digo ser um disco de transição, que está representada na capa, feita pelo Andrei Bouzikov (Violator, Municipal Waste, Toxic Holocaust, etc), que traz a revolução da cerveja (primeiro disco) se transformando numa revolução política. O disco será lançado por nós de forma independente mas com a parceria de 6 selos, sendo dois aqui do sul (Under Machine e Antichrist Hooligans Distro), dois do sudeste (Helena Discos e Tales From the Pit) um do norte (Escória Distro) e um do nordeste (Resistência Underground). Estamos também na reta final pra acertar o lançamento dele no exterior.
A banda tem um posicionamento antifascista claro. Em uma época em que boa parte da cena metal acredita que não se deve misturar música e política, como tem sido a recepção do público ao som de vocês?
A gente perdeu alguns fãs e ganhou outros, o que era esperado. Ninguém gosta de perder fãs, mas as vezes é inevitável. A parte mais positiva é que tu traz pra perto de si pessoas mais identificadas e engajadas com a tua própria forma de pensar, o que reduz fadigas futuras rs.
Como está a cena catarinense em relação a shows, bandas e público? O que vocês destacam?
A cena catarinense sempre foi forte localmente, mas poucas bandas conseguem ir levar seu som pra fora do estado. Há um certo circuito de festivais que dá palco pra galera daqui, mas há muito pouco interesse do centro do Brasil (leia-se SP, principamente) sobre a cena daqui. Há muita gente querendo vir tocar nos festivais daqui, como Maniacs Metal Meeting ou Otacílio Rock Festival, mas pouco interesse de produtores de outros estados em levar as bandas daqui pra tocar fora.
Foto por Nefhar Borck
Como vocês avaliam a influência da conjuntura atual do país na nossa cena? Vocês acreditam que está enfraquecendo ou fortalecendo?
Do ponto de vista de produção cultural, acho que fortalece. Os melhores discos de música brasileira foram feitos no período da ditadura militar, justamente porque a arte era um dos refúgios que as pessoas encontravam pra poder se expressar. Então houve discos fantásticos de Chico Buarque, Sérgio Sampaio, Belchior, Zé Ramalho, todo o movimento da psicodelia pernambucana (Ave Sangria, Lula Côrtes, Marconi Notaru, etc), assim como o nascimento das cenas punk, com Ratos, Cólera, Olho Seco e metal nos anos 80, com Sepultura, Vulcano, Dorsal Atlântica, entre tantos outros. De outra parte, acho que enfraquece os eventos, com a polícia se sentindo empoderada e realizando prisões ilegais como temos visto acontecer. Isso pode deixar alguns produtores com medo.
Quais são os planos futuros da banda?
Queremos fazer turnê, tocar pelo Brasil e no exterior. Estamos muito satisfeitos com o resultado alcançado no disco e acreditamos que quem se der ao trabalho de ouví-lo vai gostar também. Se tudo correr como planejado, lançaremos um clipe junto com o disco pra ajudar a promovê-lo. A gente espera que não demore tanto pra lançar o disco seguinte como foi esse hiato de 4 anos entre o primeiro e segundo disco.
Podemos esperar uma tour nordeste?
Com certeza, o plano original era lançar o disco em julho e fazer a turnê pelo Nordeste já em agosto, mas não conseguimos acertar shows suficientes, então no momento estamos bolando uma tour pro nordeste em novembro desse ano ou no mais tardar ano que vem.
Considerações finais.
Obrigado mais uma vez pelo espaço. Com tantos veículos de mídia se fingindo de isentos mas fiéis ao Bolsonarismo, é indispensável a existência de blogs como “O Colecionador”.
A faixa, que fará parte do disco “The Revolution Continues” (a ser lançado em julho), é um thrash metal old school rápido e contagiante, feito especialmente pros que sentem saudades dos velhos tempos de headbanging, stage dives e mosh pits insanos. A letra fala sobre o crescimento da violência no mundo moderno, causada especialmente por intolerância religiosa e desigualdade social.
Já o vídeo relembra diversos ativistas políticos que foram assassinados nos últimos 3 anos no Brasil. Segundo a Anistia Internacional, mais de 100 mortes foram registradas nesse período, o que coloca o nosso país no topo da lista dos mais mortais para defensores de direitos humanos, ativistas políticos e LGBTIs, algo que não pode, em hipótese alguma, ser considerado motivo de orgulho.
A música foi gravada, mixada e masterizada por Alexei Leão no Estúdio AML e estará disponível também nas principais plataformas de streaming como Spotify, Deezer, entre outros.
Red Razor é uma ótima banda de thrash metal de Santa Catarina, que tem como diferencial o fato de incorporar influências de diversos outros gêneros musicais como baião, surf music e death metal.
O single “Born in South America” foi lançado no início de abril e fará parte do próximo trabalho da banda, intitulado “The Revolution Continues” (a ser lançado em julho de 2019). Amúsica foi gravada, mixada e masterizada por Alexei Leão no AML Estúdio em Florianópolis, enquanto que a arte da capa é assinada pelo ilustrador Marcelo Dod.
O som se inicia com uma sequência animalesca de riffs e bateria frenética, que intercala com vocais precisos e empolgantes! A letra fala de integração e identificação que a banda tem com o continente sul americano e sua cultura, trazendo como inspiração o livro “As Veias Abertas da América Latina” do escritor uruguaio Eduardo Galeano. Apesar de ser do sul do Brasil (Florianópolis/SC), a banda refuta completamente o movimento “O Sul é Meu País” e por isso deixa claro que o único sul que os representa é o da América.
Já estamos ansiosos pelo trabalho completo! Parabéns a Red Razor pelo som que está muito bem feito e pelo posicionamento.