Female Fronted não é um estilo, bem sabemos, mas apenas uma indicação de bandas com mulheres que são diversas, entre os diversos estilos das bandas que fazem parte. Mas uma coisa é fato, todas elas são guerreiras do cenário independente brasileiro e merecem todo o espaço que tem conquistado. Hoje indicarei cinco bandas que conheci e curti. Sempre que possível tentarei trazer novas indicações aqui no O Colecionador Muitas delas vieram por indicações por email. Então, se você também quer que nós conheçamos o seu som, envie seu material para musicaindependente87@gmail.com. Sem delongas vamos lá!
Corja (Ceará)
Com Haru Cage no vocal extremamente potente, é uma banda de Fortaleza/CE, que mescla metal e hardcore. Segundo informações publicadas em suas redes sociais, a banda está prestes a lançar um novo trabalho, acompanhado de clipe. Estamos ansiosos pelo o que vem por aí.
Metal Alternativo repleto de riffs bem trabalhados e o vocal poderoso de Stephany Nusch, que intercala graves, rasgados e vocais limpos com maestria. A banda lançou recentemente o single “Infection” que ganhou um clipe muito bacana.
Se você é fãs de bandas de power/symphonic metal como Epica, After Forever, Nightwish e Within Temptation, conheça o som da Aetherea. A banda paulista conta com os vocais afinadíssimos da Jessica Sirius. Eles acabaram de lançar o álbum ‘Through Infinite Dimensions’ que está repleto de peso e sonoridades com extrema qualidade.
Os nossos conterrâneos do Hostinalia, contam com um dos vocais mais fuderosos do nosso Recife. Angela, que foi vocalista do Vocífera, agora lidera a banda de death metal com vocais potentes, com extensões de notas incríveis. Aguardamos o fim da pandemia para poder conferir mais um show da banda que impacta sempre.
Vanessa é a nova vocalista da Mercy Killing, banda de Thrash Metal oriunda de Curitiba/PR. Com vocais extremos, ela se apresentou apenas em lives devido a pandemia, mas já deu pra sentir a energia que trouxe para a banda.
Saudações a todos que acompanham a minha singela coleção virtual, ilustrada em textos. Agradeço ao apoio de todos que fortaleceram o trabalho do blog e que aumentaram a lista dos títulos de discos aqui em casa, enviando material. Nesse ano tivemos tudo de ruim. Queimadas, desgoverno de um lunático de extrema direita, pandemia, desemprego em massa e a lista de coisas tristes só aumenta. O que seria de nós se não fosse a música para nos salvar? Por isso, para não sentar e chorar, vamos falar das coisas boas de 2020. Chegamos a nossa clássica lista de melhores do ano, na nossa opinião.
SINGLES
Nervosa “Perpetual Chaos”
Prika Amaral apresentou a nova formação da Nervosa na velocidade da luz, apresentando dois singles, que tiveram produção de Martin Furia e foram gravados na Europa. E, meu irmão e minha irmã, o grupo já se mostrou ser mais que uma super banda: Nervosa é uma potência mundial.
Creatures “Lighting in my Eyes”
O heavy metal brasileiro ganhou um novo fôlego e voltou às suas raízes verdadeiras de satanismo, revolta e NADA de conservadorismo. O grande destaque de Lighting in my Eyes é o vocal afinadíssimo e os solos envolventes. É o som que a galera fatidicamente estaria dançando se voltássemos aos anos 80. Como diria o pessoal do Canal Scena, uma banda sensual.
AnkerkeriA “Baph Metra”
Fortaleza conta com bandas incríveis de variados gêneros. Um deles é o death metal. A AnkerkeriA lançou o single Baph Metra com um clipe impecável em termos de produção e enredo (para assistir, você precisa estar logado no YouTube e ser maior de 18 anos). O som é muito bem executado, com variações que fogem do óbvio e coloca a banda dentre as grandes no país.
Inraza “(Still) Stuck
O primeiro dos dois singles lançados pela banda durante 2020 é o que mais me chamou a atenção. A banda que faz um metal moderno está caminhando para a maturidade, evoluindo conforme vão lançando mais materiais. Destaque para os vocais extremos intercalados com os limpos da vocalista Stefanie. Aguardamos um full album para 2021 e uma tour no nordeste assim que a pandemia acabar.
EP´s
Desalmado “Rebelião”
A banda citada por Max Cavalera não poderia ter soltado nada menos que um EP espetacular. Voltando ao português, a banda mandou o recado reto sobre os tempos que enfrentamos desde o golpe, em uma ode para que o povo se organize contra as opressões da extrema direita. Qualidade técnica, agressividade, arranjos empolgantes e vocal furioso. Rebelião deveria ter sido um álbum. Destaque para “Esmague os Fascistas” que contou com a participação de Nata Nachthexen, vocalista da Manger Cadavre?.
Hellway Train “Lockdown Reborn”
Os mineiros do Hellway retomaram a banda com um EP incrivelmente forte! Com um clima cheio de energia que o heavy metal pede, o trabalho fala de transtornos psicologicos. Pra quem respira som dos anos 80, é uma indicação que você vai agradecer! Destaque para o vocal de Marc que lembra muito Rob Halford.
Isinkú “Damnatio Memoriae”
Com seis sons é uma ode ao black metal anti imperialista. A banda que é de Natal/RN, nasceu para fortalecer ainda mais o cenário brasileiro do gênero, com posicionamento claro antifascista. Aqui os destaques são para as composições dos riffs e o clima gerado nas músicas. Pode ouvir sem medo, pois o som é muito bom, assim como letras e ideias.
Surra “Trashpunk Teleport: Submundo 2121”
Esse EP chegou aos 45 do segundo tempo, mas foi um gol de placa do Santos, ou dos santistas do Surra. São cinco faixas bem raivosas, que saíram com um gibi (que infelizmente ainda não vi, mas pretendo adquirir em breve). O grande destaque fica para “Nossa Reação”, que nos faz imaginar a galera cantando juntos nos shows “pra – queimar – no inferno – e comemorar a consolidação do império” e que ainda tem solo, meus consagrados. Uma verdadeira obra de arte!
Expurgo “Entropic Breath”
Os mineiros do Expurgo mostraram mais uma vez porque são uma das maiores bandas de grindcore brasileiras. O EP “Entropic Breath” traz toda a brutalidade sonora que já conhecemos, acompanhada de letras precisas. Se você busca o grind raíz, esse EP é obrigatório.
Dead Enemy “Knowing the Enemy”
A renovação do thrash crossover brasileiro também está acontecendo! Após o lançamento da primeira demo, a Dead Enemy de Fortaleza mandou o incrível EP “Kwoing the Enemy”. Rock veloz que faz você colocar a bolachinha para rodar pelo menos umas três vezes. “Broken Shape” é o som que mais nos prendeu. Ainda ouviremos falar muito nessa banda.
Cruento “Mar de Ossos”
Indo para o interior de São Paulo, mais precisamente Jacareí, no Vale do Paraíba, Cruento faz um crust punk visceral, com a fúria clássica do estilo. Mar de Ossos é um EP que conta com cinco músicas que mostra o quanto a banda amadureceu nesses anos. “Homem Lixo” que também ganhou um lyric video, é o grande destaque desse trabalho.
Vermenoise “O Outro”
O grindcore paulista foi presenteado com o lançamento excelente do EP “O Outro” da Vermenoise. Com cinco faixas curtas, como é comum do estilo, a banda mostrou que está mais violenta que nunca, aliando a brutalidade do som aos ideais da banda, mensagens essas contidas nas letras. Destaque para o vocal monstro da Chris.
Carnal Atrocity “Degenerescência”
Com esse nome difícil de se pronunciar, foi uma grata surpresa nos depararmos com esse projeto, que trata-se de um duo: Karine Campanille fazendo os vocais, arranjos de guitarra, baixo e sintetizadores e Emiliano a bateria. Tem grind, tem death metal, indicado para fãs de Carcass.
Álbuns completos
Vazio “Eterno Aeon Obscuro”
Começando a listas dos full albuns com o melhor lançamento de 2020, indiscutivelmente. Apresentado a muitos como nós pelo Canal Scena, o álbum conta com um black metal que é um tapa na cara dos reacionários. Com base no punk, a banda conseguiu trazer toda a brutalidade do gênero aliado ao clima e com mensagens precisas. Falar do Vazio será sempre incompleto. É preciso contemplar a escuridão.
Exsim “Exsim”
Os nossos conterrâneos aqui de Recife do Exsim lançaram um álbum auto intitulado muito bom. Grindcore clássico, com batera a milhão, em um álbum que tem dezessete músicas. Mas não se engane, ele tem a rapidez que o grind pede. Então coloca no repeat e seja feliz!
Podridão “”Revering the Unearthed Corpse”
Pra quem curte um death metal mais primitivo, esse álbum que conta com onze faixas é um prato cheio. Metal morte com direito a sangue, doenças venéreas e diarréia. Se você é fã de Cannibal Corpse, com certeza vai curtir esse trabalho que conta com uma batera bem precisa e riffs brutos.
Postmortem Inc “The Coqueror Worm”
A banda de Pelotas/RS, vem mostrar como a água de lá é boa para gerar bandas excelentes de death metal. Da escola do Krisiun, o álbum traz um brutal death metal com extrema qualidade técnica, mas com aquele algo a mais, que destaca a banda: eles não buscam copiar as fórmulas prontas do gênero, a identidade aqui é única e é o que nos faz apostar nesse nome para os próximos anos. Destaque para “State of Conspiracy”.
Cäbränegrä “Abismo”
Mais uma banda de grindcore que lançou um álbum visceral, o Cäbränegrä já tinha começado com tudo com o primeiro trabalho e agora só consolidou o som. Banda catarinense que lançou ótimas onze faixas, com velocidade, peso e culminou em um trabalho muito legal. Destaque para o som “Qual a solução?” que aparece em duas versões geniais.
Rest in Chaos “Trapped by Yourself”
Com extrema qualidade técnica, a banda de Florianópolis Rest in Chaos apresentou o seu primeiro full album que conta com onze faixas recheadas de brutalidade. Com peso das cordas, vocal forte e preciso, o destaque é para a bateria de Marlon que preenche o som de forma impecável. Death/Thrash que dá pra abrir mosh e banguear (mesmo que seja na sala de casa). Destaque para a faixa “Let me Rest”.
Wargore “Cursed Existence”
Pra quem curte death metal oldschool a Wargore é a pedida certa. Em Cursed Existence, os caras arrepiaram desde o primeiro som com palhetadas pesadas e vocal de demônio. Eles, que são de cascavel, lançaram nove sons em julho desse ano e espero muito poder ver um show ao vivo para conferir toda essa podreira em ação. Destaque para o som “Cocaine”.
Mofo “Sick and Insane”
É thrash que brasileiro gosta? Pois tome, mermão! Os caras do Mofo, que são de Brasília, arrebentaram com esse álbum insano que promete rodas brutais em shows. Com uma intro macabra, podemos até notar uma pequena influência do death metal do Bolt Thrower no começo da faixa seguinte a “Adrenaline”, que dá lugar ao thrash tradicional. Uma das grandes promessas de renome para o thrash metal brasileiro.
Sangue de Bode “A Sombra que me acompanhava era a mesma do diabo”
Uma grata surpresa de 2020 foi conhecer o som dos cariocas do Sangue de Bode. Um álbum repleto de tudo aquilo que o metal extremo pede: death, black, fúria! Ouvi muito esse disco que fiz questão de adquirir o físico (arte gráfica muito bonita). Destaco a faixa “Minha refeição é no Lixão”.
Maddiba “Santo André”
Saindo um pouco do metal e adentrando ao hardcore, essa indicação foge do tradicional. Somando o rap e pick ups, Santo André é uma ode aos fãs de Suicidal Tendencies e Beastie Boys, mas com aquele tempero nacional, com pitadas de thrash que a gente gosta tanto. Outra banda que conheci por meio do Canal Scena e que não saiu do meu fone de ouvido em 2020.
Ao Vivos
Surra “Escorrendo pelo Ralo – Ao vivo em São Paulo”
Essa banda não está pra brincadeira! Com três lançamentos no ano, a máquina de fazer riffão também lançou um ao vivo gravado em São Paulo, no show em que tocaram todas as músicas do escorrendo pelo ralo. Saudades de um show, né, minha filha?
Labirinto “Live at Dunk Fest”
Esse ao vivo é tão perfeito que nem parece ser ao vivo. É aí que a gente vê quando a banda é realmente boa. Som instrumental, que mescla metal e sludge, com camadas sonoras muito fortes. Qualidade ímpar e sentimento que não precisam de palavras. Aliás, eu uso uma: impecável.
Manger Cadavre? “Ao vivo em Curitiba”
Sem alarde e divulgação, a Manger Cadavre? disponibilizou apenas no bandcamp um show ao vivo realizado em Curitiba no ano de 2018. É como se fosse um bootleg, mas dá pra matar um pouco as saudades do show dos caras, pois tem treze sons muito furiosos. Destaque ao vocal visceral de Nata.
Infection, novo single e clipe da banda Inraza, é a resposta do quinteto paulista aos tempos de pandemia e isolamento social. Em três anos de estrada, é a primeira vez que o grupo ficou tanto tempo sem se reunir – sete meses – e da criatividade, agora exercida à distância, Stephany Nusch (vocal), Robin Gaia (baixo), Gabriel Colonna, Bruno Ascêncio (guitarras) e Kelvin Aguiar (bateria) fizeram nascer a faixa em um desafio inédito para a banda.
O conceito de pós-verdade é o tema central da letra de ‘Infection’, escrita por Stephany. O termo ganhou o título de “Palavra do Ano” em 2020 pelo dicionário Oxford e explica o fenômeno dos discursos que substituem os fatos por crenças pessoais e emoções de forma descompromissada com a realidade, numa espécie de ‘verdade alternativa’.
“Em Infection, queremos chamar os ouvintes para uma reflexão a respeito de toda e qualquer ação que tomem, pois tudo é politizado e instrumentalizado por alguma instituição ou uma personalidade. Basta sabermos se os valores se alinham com os nossos e, se não, se há alternativas melhores”, diz a vocalista Stephany Nusch.
A novidade em ‘Infection’ não ficou apenas na forma de produzir mas também no fato da música trazer o Inraza pela primeira vez intercalando o inglês habitual de suas canções com trechos em português.
O clipe de Infection foi feito no estilo Do It Yourself no QG da banda em São Paulo e mais uma vez a criatividade falou alto para Inraza que utilizou tecidos e iluminação para montar o cenário e projetou com refletores palavras com forte significado no corpo dos integrantes.
A vocalista, Stephany retirou frases do livro “O Mito da Beleza” (Naomi Wolf) enquanto os demais integrantes utilizaram ofensas que já ouviram ao longo da vida. Cada integrante gravou separadamente seus takes para evitar aglomeração.
“Um dos grandes desafios da Infection foi fazer com que os cinco músicos que não se viam há sete meses gravassem música e clipe em sistema de rodízio, por todas as peculiaridades e cuidados que temos de tomar por conta da Covid 19”, diz o baixista Robin Gaia.
Infection foi produzida pelo baixista Bruno Ladislau (Andre Matos, Cosmos, Hardshine), com produção vocal de Nina Furtado (Haney) e engenharia de som por Luiz Fernando Reis (Reprise Studios). O clipe foi dirigido por Joana Saraiva e Letícia Almeida, com edição de Kelvin Aguiar (baterista da banda) e a arte da capa do single é de Robin Gaia e Stephany Nusch (baixista e vocalista).