O Crossover Feminista da Eskröta

O trio feminino e feminista Eskröta do interior de São Paulo vem se destacando na cena independente com mensagens de emponderamento e de luta das mulheres. Com letras que abordam a temática, elas tem se apresentado em muitos festivais e prometem material novo em breve. Conversamos com a Tammy, baixista e a Miriã, baterista (que após um breve afastamento, retorna ao Brasil para reassumir as baquetas da banda).

O Eskröta é uma banda formada em 2017 e apesar de ter apenas dois anos de atividades, já conseguiu tocar em diversos estados do país e em grandes festivais. Falem um pouco sobre esse curto espaço de tempo com uma longa trajetória.

Tamy: Quando formamos a Eskröta a ideia era ter uma banda que pudesse representar as mulheres, eu já havia tocado com a Ya em 2012, e nos tornamos muito amigas, então ela se mudou para o interior de SP, pertinho da minha cidade! A Miriam eu via sempre tocar e achava ela foda demais, então convidei elas pra tocarem… E no primeiro ensaio já saiu um som próprio! Desde então trabalhamos muito pra compor e gravar o EP, ( que nos abriu muitas portas). A galera nos acolheu, os shows foram aparecendo e desde então não paramos mais! Até parece um sonho, poder conhecer lugares e pessoas maravilhosas, fazendo o que mais amamos!

As três integrantes vem de outras bandas. Apresentem os projetos paralelos.

Tamy – Eu tenho outra banda, chamada Aborn, com a Taty Kanazawa e a Beatriz Paiva, estamos atualmente procurando uma baterista.. já a Yá toca também no Kultist, e no S.U.C.A Mi tem bastantes projetos instrumentais também! 

Vocês anunciaram uma tour no nordeste para o segundo semestre. Como tem sido a organização e como está a expectativa para esses shows?

Tamy – Em abril estivemos em Fortaleza e Recife, e foi incrível!!! A galera do Nordeste é demais!! Nos receberam de braços abertos e fizemos grandes amizades e parcerias, as quais renderam a ideia de gravar o Split intitulado como “Ultriz”, com a banda de Fortaleza Afronta. Então surgir a oportunidade de voltar pra fazer uma tour com a Afronta pra lançar o EP. A ansiedade está  grande demais… e voltar com a Miriam na bateria ( que não nos acompanhou em Abril pois estava em Maputo), vai ser mto bacana! ††

 Vocês lançaram o EP “Eticamente Questionável” por um coletivo de selos independentes. Falem um pouco sobre a importância dessa parceria e sobre ter um material físico na era do streaming.

Miriam – O trabalho dos selos independentes no cenário underground brasileiro hoje em dia é essencial. Apoiar os selos é apoiar diretamente as bandas que lançaram e querem lançar seus materiais. Pra nós foi um grande passo e a concretização do nosso trabalho e esforço ter nosso EP em mãos, ver o EP rodando pelo país. 

Podemos esperar um álbum?

Tamy – Podem esperar sim… Inclusive já estamos compondo! Em agosto será lançado nosso Split com a Afronta, ( como já comentei aqui) com dois sons que não está no EP Eticamente Questionável… Eu diria que é um esquenta pro novo álbum! Haha

Indiquem cinco bandas com mulheres (não necessariamente totalmente femininas) que sejam as mais atuantes no cenário atual, que, assim como vocês, levam o “Faça Você Mesma” ao pé da letra. 

Tamy:  Nossa, a gente tem conhecido TANTAS bandas fodas, com mulheres inspiradoras que é difícil citar só cinco, mas eu particularmente gosto demais de Sapataria, Corja, Mercy Killing, Rastilho, Mau Sangue…

A baterista Miriam, esteve fora do Brasil em um intercâmbio cultural do Projeto Guri. Em que essa experiência adquirida poderá somar com a banda?

Miriam – Uma experiência assim traz muita maturidade e realização, não só pessoal quanto musical. É de se esperar as novas composições da Eskrota com mais fusões entre os estilos, entre culturas. Além dessa parte técnica, tem também a parte social. Eu vi muita coisa fora da nossa realidade, vivenciei coisas que me deram outra visão de mundo, empatia e consciência. 

Considerações finais.

Gostaríamos de agradecer pelo espaço, tempo, paciência e dedicação. A Eskrota existe e resiste por conta de todo suporte e divulgação organizados dentro da própria cena por meios como esse. Muito obrigada!

Resenha: Xavosa “Luta (s​.​f​.​)”

Xavosa é uma banda de Brasília/DF, d em atividade desde 2017. Com influências como Bikini Kill, Dominatrix e Tsunami Bomb; a banda transita entre o punk e o hardcore melódico, carregado de mensagens politizadas calcadas na militância pessoal e profissional das integrantes. Seu primeiro EP, “Luta (s.f.)”, lançado em fevereiro de 2019, foi gravado no 1234 Recording Studio por Pedro Tavares.

O trabalho se inicia com “Rivotril”, que é um som mais na pegada do hardcore melédico que lembra um pouco a extinta banda Killi. A temática é o adoecimento psicológico nos tempos atuais, em que ao mesmo tempo em que se evidencia a crise, se coloca que é necessária a luta. “Corpos” por sua vez tem uma pegada mais rock´n´roll e traz uma mensagem forte feminista. Destaque para o vocal, que mais raivoso, nos trás confiança e empolga. É, para nós o melhor som do EP. Na sequência temos “Cidade”, que é um desabafo sobre o ser mulher em uma cidade, sobre o endurecimento da mulher não como algo natural, mas imposto por uma sociedade de estruturas patriarcais. Já numa pegada mais punk rock, “Marta” é um som bem gostoso de se ouvir, apesar da temática sobre a necessidade de liberdade. Vale a pena colocar no repeat. Com mais peso nos riffs e batidas “Básica” tem o clima exato para a letra que fala da mulher explorada, agredida, que vive nas periferias, com subempregos. Há um recorte de classe muito importante nesse som. “Correnteza” é aquele som que você dança. Isso mesmo, dança. Me peguei aqui na cadeira dançando o som. “Luta s.f.” que dá nome ao EP é um punk rock/hardcore que coloca a luta como substantivo feminino. E não é?

No geral o trabalho é muito bom, criativo, com vocal muito marcante. Chamamos a atenção apenas para a pós produção do som, pois sentimos o instrumental um pouco apagado. Nada que tire o mérito das composições. Esperamos por novos trabalhos da banda que está de parabéns.



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