ESCOMBRO lança música em resposta à tentativa de censura

“O Peso de Sobreviver” marca o início da parceria com a Seven Eight Life, tradicional selo hardcore do Brasil, com forte representação na América do Sul

O quarteto paulistano Escombro faz valer e vive pelo lema que eles mesmo criaram há anos, Hardcore Por um Mundo mais Digno. A censura durante um show em Brasília, no começo de junho deste ano, apesar de um infeliz e desnecessário abuso de poder, alimentou a força criativa e indignação sincera da banda, que responde ao episódio com a música “O Peso de Sobreviver”. O single, disponível nas principais plataformas de streaming, pode ser conferido aqui: https://spoti.fi/2X0lA97

A nova música marca a estreia do Escombro na Seven Eight Life, o mais tradicional selo de hardcore do Brasil e com forte representatividade na América do Sul. Um novo EP está previsto ainda para esse ano. 

“O Peso de Sobreviver”, como sugere o nome, é tanto uma música pesada em termos de som, com guitarras metalizadas que destilam riffs furiosos, como carrega um enorme fardo que é fazer parte da resistência contra a censura, contra a onda crescente do racismo e segregação. 

“Ficou mais pesado pela raiva que passamos ali no ocorrido”, conta o vocalista Jota, que no dia 8 de junho foi detido e levado para uma delegacia da polícia militar em Brasília, enquanto se apresentava no União Underground Fest. A repressão aconteceu durante a execução de “S.O.P. (Sistema Padrão Operacional)”, música do primeiro álbum – Maldita Herança (2017) – com participação de Henrique Fogaça. No discurso introdutório, Jota faz críticas à instituição policial. Dois policiais tentaram parar o evento e prender o vocalista, que foi conduzido à delegacia. 

“A letra não é direcionada à PM. É também para outros agentes da sociedade. Alguns se sentem agora mais protegidos e respaldados por políticos no poder com discurso de ódio, e estão saindo do armário. A música é uma crítica a todas estas pessoas racistas, preconceituosas, que querem a volta da censura e da opressão a artistas, negros, pobres”, desabafa Jota. 

Jota, em nome do Escombro, dá o recado. “Não vamos nos acovardar. Episódios como esse só fomentam nosso inconformismo, alimentam a revolta, nossa e de muita gente, seja no hardcore ou em outros movimentos. Vamos sempre questionar e bater de frente”.

Escombro tem Show Censurado no DF e Vocalista é Encaminhado para Delegacia

Na noite de ontem, 08 de junho, circularam pelo whatsapp e publicações no Instagram e Facebook vídeos que mostraram o momento em que dois policiais militares interromperam o show da banda paulistana Escombro, que se apresentava em Brasília.

Como de costume, antes de iniciar “S.O.P”, música que critica a corporação da polícia militar, Jota, fez um discurso introduzindo a temática do som. Segundo relatos dos presentes, os policiais se sentiram ofendidos, interromperam o show e queriam levar o vocalista preso. Jota explicou que a crítica não era pessoal aos dois e sim a instituição da polícia militar e conseguiu tocar mais um som. Porém, com a chegada de mais seis viaturas da PM, o show foi interrompido e Jota encaminhado ao 21º DP.
Ainda segundo informações dos presentes, o administrador do espaço Candanga apoiou a ação arbitrária da polícia o tempo todo. No entanto os organizadores do evento prestaram todo o suporte a banda.

Jota foi encaminhado sozinho para o DP, e teve a ajuda de um defensor público. O público testemunhou que a polícia entrou no local com com fuzil, spray de pimenta, armados como se houvesse uma ameaça grave a segurança pública. Jota foi intimidado e ameaçado durante o percurso, teve que ficar desnudo e detido durante quatro horas num exemplo claro de abuso de poder.
O fato só reforçou a crítica a corporação e intensificou a luta para que a mesma deixe de existir. O Brasil é um dos poucos países do mundo que tem uma polícia militar e, com resquícios muito fortes da ditadura (e agora com o aval do Estado), estão se sentindo livres para censurar as nossas falas.

Vale ressaltar: não houve desacato a autoridade. Houve abuso de poder policial e censura de uma banda, em que o vocalista foi detido.

Jota ainda não se pronunciou publicamente, no entanto o baterista da banda explicou o ocorrido pelo stories do Escombro. Confira: https://www.instagram.com/escombro.hc/

Toda nossa solidariedade ao Jota e ao Escombro. Nunca irão nos calar e agora o discurso tem que ser ainda mais forte contra essa corja toda. Fora Bolsonaro! Fora Militares! Pelo Fim da Polícia Militar!

Confira um dos vídeos na página do Hardcore Contra o Fascismo: https://www.facebook.com/hardcorecontraofascismo/videos/1008364392693410/?hc_location=ufi