MELHORES DE 2019: A única coisa boa que Bolsonaro fez, foi inspirar grandes discos e discursos contra ele mesmo.

Eta ano bom de acabar! Só direito perdido, a milícia no poder, a polícia matando preto e pobre como nunca antes… A única coisa boa que Bolsonaro fez por esse país, foi inspirar bandas em grandes lançamentos. Então para fechar o ano com algo decente, fica aqui a nossa lista de melhores lançamentos (ou os que a gente mais gostou). Desde já agradeço ao apoio de todos que leram e compartilharam nossas matérias. O underground é feito por todos!

Álbuns

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SURRA – Escorrendo Pelo Ralo

Possivelmente a banda que mais tocou em 2019. O Surra elevou o seu thrash punk a um estilo único, sem medo de mesclar elementos do metal e até do grindcore. Grande destaque para as letras que estão mais maduras e nos inflamam para a resistência.

SPIRAL GURU – Void

Disco extremamente bem gravado e executado, que mescla o stoner ao melhor estilo Sabbath, com elementos experimentais, do doom e mesmo do pós-punk. Void colocou a Spiral Guru dentre os maiores nomes do gênero no Brasil e com certeza, fora do país a banda irá alcançar um público ainda maior.

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MANGER CADAVRE? – AntiAutoAjuda

Um dos discos que me fez chorar ao acabar de ler o encarte. Mas foram lágrimas de esperança. Um hardcore crust visceral, com uma estrutura narrativa, emociona pela construção dos elementos sonoros e temática anticapitalista que nos guia para um outro caminho possível.

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RED RAZOR – The Revolution Continues

Consciência de classe + Anticapitalismo + Cerveja. Essa combinação somada a músicos extremamente bons só poderia resultar em um álbum fuderoso, que faz você querer ouvir outras vezes e clamar a revolução. Felizmente eles estarão no Abril Pro Rock 2020 e poderei conferir de perto essa destruição sonora.

NERVOCHAOS – Ablaze

Mais satânicos do que nunca, o NervoChaos traz o seu melhor trabalho até então. com identidade e evolução criativa nas músicas. A banda apresenta um retorno ao death/thrash metal da velha escola, eles incorporaram também alguns detalhes do black metal com uma pegada mais crua, primitiva (nada mais acertado, tendo em vista a temática do álbum).

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BAIXO CALÃO – Necrológio

Grindcore niilista de Belém do Pará, já tinha nosso respeito, agora com o vocal de Monise, está ainda mais arretado. Com dezoito sons que fogem do grind mais do mesmo, ainda conta com vinhetas muito massas e uma linha que caminha para a morte. Excelente lançamento. Detonem no Obscene Extreme, pois vocês merecem demais.

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TORMENT THE SKIES – Impure

A banda de death metal de Natal (RN), Torment The Skies, uma das gratas surpresas do ano. O disco trata do conceito do Inferno, segundo Dante e leva os ouvintes para uma viagem ao submundo, ficando cara a cara com a podridão do ser humano. O último álbum havia sido lançado em 2014, e podemos notar uma grande evolução nas composições que estão mais trabalhadas e na qualidade técnica da gravação.

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HATEFULMURDER – Reborn

Um dos grandes nomes do Thrash/Death brasileiro nos presenteou com o álbum Reborn, que conta com nove sons intensos, raivosos e de qualidade técnica impecável. Os urros de Angelica Burns denotam o porque é considerada uma das grandes fronts brasileiras. Trabalho maduro que coloca a banda em um outro patamar.

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TEST – O Jogo Humano

Banda que possui longa jornada no underground, mas só conheci recentemente pelo álbum “O Jogo Humano”. O disco é composto de forma que o ouvinte pode montar a ordem que quer ouvir e ainda assim o disco fará sentido. Destaque as letras foram compostas por vários autores. Grindcore com Black metal que gerou um estilo próprio.

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AÇÃO DIRETA – Na Cruz da Exclusão

Com mais de três décadas, o Ação Direta ainda nos surpreende. “Na Cruz da Exclusão” é mais um dos excelentes trabalhos lançados em 2019 (em que as bandas estão inspiradas pelas desgraças do atual governo) e que tem tudo para se tornar um clássico.

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TERROR REVOLUCIONÁRIO – Campo de Esperança

Após completarem duas décadas de existência praticamente sem pausas, a banda de hardcore/crust Terror Revolucionário nos presenteia com uma compilação que conta com nada menos que SESSENTA E UMA MÚSICAS. É mole, mermão? É nada! É brutalidade na veia.

REALIDADE ENCOBERTA “Não Vivamos Mais como Escravos”

E falando em Ação Direta, uma ótima banda que bebeu nessa fonte foi a Realidade Enconberta que lançou o excelente “Não Vivamos Mais como Escravos” que tem o hardcore como base, num crossover com o metal. Posiconamento + som porrada!

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QUESTIONS – Libertem

Primeiro álbum da banda paulistana gravado ACERTADAMENTE em português. O hardcore dos caras que geralmente trazem o PMA, nesse discos está com bastante raiva conscientemente dirigida (e necessária nesses tempos de fascismo). No instrumental encontramos peso e muita energia.

CROTCH ROT – Brochas From Hell

O goregrind brasileiro conta com bandas muito boas, com um instrumental bem executado e as temáticas gore que para alguns causam ânsia, mas para a maioria dos fãs do estilo, são diversão pura. O Crotch Rot, que é uma banda de Curitiba, em seu novo trabalho conseguiu unir a temática à crítica a misoginia sem deixar o deboche de lado.

PATA – Shit and Blood

Em meados de junho, a banda mineira Pata lançou o álbum “Shit and Blood“, que conta com dez músicas. O trio, que é formado por Lúcia Vulcano (guitarra e voz), Beatriz Moura (bateria) e Luís Friche (baixo), possui influências do grunge e do punk, tendo como maior referência a L7. 

KULTIS – The Black Goat

Thrash metal que tem contos de H.P. Lovecraft como base nas letras, Kultist nos presenteou com o ótimo álbum “The black goat”. Fiquei muito contente em ouvir uma banda que puxa para o thrash mais arrastado, com riffs melhor trabalhados, com referências de Kreator e algumas coisas de Sepultura e Slayer.

EPs

MERCY KILLING – Escravo Neoliberal

Com três sons destruidores, Mercy Killing mostra porque é um dos grandes nomes do metal paranaense. Com o vocal poderoso de Tati, a banda mostra postura política e riffs empolgantes. Esperamos tê-los por Recife em breve, pois o trabalho é conciso e de qualidade.

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PETALS BLADE – Holocausto

Thrash Death Metal de Castanhal no Pará, a banda Petals Blade lançou o EP “Holocausto” que conta com seis músicas com muito peso e muita raiva. Letras contestadoras, totalmente em português, mostram a realidade nua e crua do Brasil. Anote esse nome, pois o potencial é para grandes álbuns futuros.

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BUFFALO LECTER – Bufalo Lecter

EP de estreia da banda natural de Recife, que faz um rock instrumental, com nuances experimentais muito concisas e criativas. A banda começou mandando brasa e enriquecendo a cena local pernambucana.

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TEMPOS DE MORTE – Depression

Para quem é fã de bandas de gótico pós punk como Plastic Noir, Depression é o EP lançado pela banda paulista Tempos de Morte que nos faz voltar para os anos 80. A mensagem não é positiva, mas por que não curtir o fim do mundo com ótima música. Som fuderoso, que agrada de góticos à headbangers.

QUILOMBO – Itankale
Com inspiração na realidade vivida pelo povo preto desde sempre, o EP conta com seis músicas, com lançamento pela Sangue Frio Produções. Buscando fugir da historiografia contada pelo povo opressor (que tentam justificar o injustificável), as letras contam com um estudo aprofundado, além da participação do percussionista Binho Gerônimo, que trouxe elementos originários da África no EP.

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COSMOGONIA – Reviva

Quem viveu o final dos anos 90 vai se recordar do boom de bandas riot grrrls que aconteceu no Brasil. Dentre elas, uma das mais importantes foi a Cosmogonia. Treze anos após o último lançamento, e um hiato de shows, a banda volta com uma grande bagagem de apresentações e lança EP com três sons inéditos.

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BRAZATTACK – Oposição Cotidiana

O Distrito Federal Caos é o principal celeiro de ótimas bandas de hardcore. Brazlândia, que é uma das cidades satélites do DF não poderia ficar de fora. É de lá que vem a banda Brazattack, que lançou esse ano o seu primeiro trabalho, o EP “Oposição Cotidiana”. Hardcore metal com muito conteúdo politizado.

SPLITS

“Inflamar” – Manger Cadavre?, No Rest, Vasen Käsi e Warkrust

Split 4 way com quatro dos grandes nomes do crust nacional (em diferentes vertentes). Para mim, foi o lançamento mais significativo do ano se tratando da temática, sonoridade, arte e importância no cenário underground.

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“Obliteration” Pandemmy & Abscendent

Pandemmy, uma banda de Thrash/Death Metal daqui de Recife, contou com Rayanna Torres no vocal nesse trabalho, que executou de forma impecável. Já o Abscendent, é uma banda de Death Metal originária da cidade de Lazio, na Itália. O trabalho está muito bem gravado e executado, e é motivo de orgulho que o nosso metal esteja ganhando o mundo.

Aphorism x Rabujos

Duas das bandas mais extremas do nordeste brasileiro se uniram nesse split que conta com brutalidade, sujeira, qualidade de execução e gravação, mostrando que não brincam em trabalho. Você encontra crust, death metal e nas duas bandas, vocais furiosos. Música extrema somada a consciência e qualidade elevada! Porrada no fascismo.

“Enfermo” – Narcose e Dësterrö

Barulho, distorção, duas baterias, gritedo e coisarada é o que você encontra no split. Tem sludge, mas tem um monte de outras coisas também incluindo desespero. O split foi registrado com gravação em apresentação ao vivo da Narcose, e por isso possui soa lo-fi, mas nem por isso perde sua identidade.

É isso! Estamos de férias e até manteremos as publicações de notícias, mas as resenhas ficarão para ano que vem. Continuem enviando material para ser resenhado. Obrigado por compartilharem nossos textos. Continuem produzindo som infernal. Que em 2020, sigamos o exemplo de nossos irmãos do Chile, enfrentemos o fascismo nas ruas até a vitória!

RESISTÊNCIA! Conheça um pouco da história do selo de Fortaleza Vertigem Discos

Um dos braços fortes no apoio da cena, principalmente para as bandas, são os selos. Eles é que distribuem a música em formato físico, indicam, ajudam a fomentar a cena local e nacional. Um dos grandes trabalhos que temos aqui no Nordeste, é da Vertigem Discos, que é uma iniciativa de apenas três anos, mas muito importante do professor de história Vinicius. Conversamos um pouco com ele sobre o selo, cena e muito mais.

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A Vertigem Discos foi um dos pequenos selos mais ativos no ano de 2019. Para você, o que representa ter um selo? Qual é o sentido que ele possui na sua vida?

Mesmo sendo Professor de História em tempo integral. A música sempre fez parte da minha vida. E a 3 anos resolvi me envolver mais sendo que de outra forma. Ter um selo underground representa fazer parte de algo mais humano, ou seja, não há interesses mercadológicos mirabolantes ao ponto de enxergar uma banda, seus componentes e seu trabalho como cifras. E sim a oportunidade de conhecer pessoas que se esforçam, que lutam, suas histórias de vida, posturas e por aí vai. Hoje a Vertigem Discos é totalmente inserida no meu ritmo frenético e na minha formação enquanto ser humano. Está sendo um caminho muito especial.

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Como surgiu a ideia de ter um selo?

Bom. A Vertigem tem 3 anos e de selo apenas dois. Ela seria uma loja de discos pequena dentro de uma cafeteria idealizada pela minha ex esposa. Como o projeto não deu certo acabei ficando com um acervo básico de Lp’s variados, além dos meus que entraram na roda também. Com isso, parti para as feiras de vinil que existem na cidade de Fortaleza. Depois de um ano comecei a me incomodar porque estava apenas com materiais importados, caros ou de bandas que eu mesmo não curtia, ou seja, tava virando um lance mercadológico demais. Foi aí que comecei a dar sentido as coisas quando passei a pegar apenas materiais independentes tanto em vinil como em CD virando um caçador de selos independentes e de bandas. Descobrir que o Brasil produz coisas incríveis no Underground foi incrível. Em seguida, em um dos eventos que eu levava meus caixotes conheci a Anuska que tem uma loja virtual que hoje é Colab com a Vertigem, a Medusa Store e também é parte integrante do coletivo de mulheres feministas do underground o Girls to The Front. No dia ela amou ter visto o CD da banda Bulimia no caixote e me falou do Coletivo e dos projetos. E foram com esses contatos que descobri toda uma proposta agregadora de selos e bandas no Brasil todo que se juntavam para lançar materiais rateando os custos e se ajudando. O primeiro foi o EP da banda Eskröta “Eticamente Questionável” e hoje são 10 bandas e seus incríveis materiais.

Ter um selo é viável financeiramente falando? As pessoas ainda compram material físico? O investimento que você faz nas bandas retorna?

Não no sentido de lucrar. As vezes (o que é raro) eu reponho o gasto a longo prazo. Compram. O legal de ser um selo underground é que você trabalha na base da insistência, da resistência e indo até as pessoas ou fisicamente ou pela internet. E também o contrário. As pessoas me acham! Até de lugares do Brasil que eu nunca ouvi falar. Tem vezes que em um rolê se vende bem, outros nada. Tem gente que pega meu contato. Tiram fotos de um material que interessou para escutar em casa. Sugerem bandas para eu procurar e viram grandes amigos e apoiadores da Vertigem Discos. O retorno financeiro muito raro. Pego parte da grana do meu trampo de professor e arrisco. O retorno maior são as amizades, parcerias e a ampliação da divulgação.

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Qual é o perfil das pessoas que consomem material físico hoje em dia.

É variado. Geralmente são pessoas próximas ou a cima dos 30 anos. Algumas vezes adolescentes que se aventuram em conhecer as bandas nacionais por causa das postagens.

Entendemos que há um carinho em todos os lançamentos, mas destaque aquele que foi mais importante para você enquanto indivíduo. Fale um pouco sobre ele, qual foi o seu envolvimento, como chegou até a banda, letras, entre outros aspectos que você julga especial.

Nossa difícil. Eu acrescentaria dois. Quebrando as regras kkkkkkkkkkk O Primeiro da banda “O Preço” porque foi um lançamento sozinho de 500 cópias (Uma loucura) mas que me fez transpor uma barreira daquilo que entendo por arriscar. O Christian Targa (Vocal e Guitarra) que foi do Blind Pigs me procurou propondo isso. Achei insanidade, mas quando escutei as músicas que falam de revolta, mensagens positivas em um contexto crítico e não ilusório eu aceitei. Vai demorar um bom tempo pra pagar (rindo de nervoso). Mas não me arrependo. Principalmente porque a banda me dá um apoio e uma moral incrível. Não são aqueles que pedem o suporte e desaparecem. Tornou-se uma parceria mesmo. O segundo que está a caminho de Fortaleza, é o Split Inflamar com quatro bandas de crust com vocal feminino. Manger Cadavre?, No Rest, WarKrust e Vasen Käsi. Escutei no Deezer logo que saiu e foi um impacto porque são gritos de alerta para nossa situação política e são gritos de representatividade e luta feminina. São elas que hoje formam a postura no underground. Fato. Assumem posicionamento abertamente, organizam festivais, denunciam e combatem de frente. Tem que ser respeitado e apoiado sempre. Além de ter feito parte desse projeto graças ao contato com a Nata vocalista da Manger Cadavre? Que desde o lançamento do Anti Auto Ajuda também pelo selo eu considero uma das bandas mais importantes o cenário nacional.

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Quais são os planos para 2020? Já existem lançamentos fechados?

Plano principal é sobreviver mais um ano como tenho feito sempre. Mas dessa vez tentando ir para lugares fora de Fortaleza. Estarei no grande Abril Pro Rock com a Vertigem Discos e pretendo, na medida do possível, atingir outros festivais. Pelo menos na Região Nordeste. Tem a parceria com a Medusa Store e vai rolar camisetas e bonés em breve. Lançamento tem a banda de Thrash daqui a Dead Enemy (ESCUTEM!) que estou ajudando a juntar selos para o lançamento em CD falta apenas um por sinal. E é isso.

Eu já estive no festival ForCaos e pude notar que a cena por aí é bem forte e unida. Conte um pouco sobre o underground daí.

Não só no Ceará mas o Nordeste como um todo tem emergido uma gama de bandas incríveis e em diferentes segmentos musicais. Isso relevando qualidade sonora, material e criatividade. Aqui em Fortaleza existem pessoas que lutam o ano inteiro para movimentar a cidade com festivais e bandas que se esforçam ao máximo para conseguir gravar. Esses espíritos combativos acabam se juntando e fazendo acontecer. Ressalto o papel histórico da ACR (Associação Cearense de Rock) e o incrível trabalho do Coletivo Girls To The Front. E não são os únicos diga-se de passagem. Esses grupos mesmo com os ataques que sofrem pelos cortes e ameaças de fechamento de casas culturais resistem bravamente.

Um selo não é apenas um canal que lança bandas. Os valores são demonstrados desde a curadoria dos lançamentos. Quais são os valores mais importantes da Vertigem Discos?

Ser um selo/distro que apoia e divulga bandas antifascistas, combativas, que se esforçam para que o seu trabalho seja reconhecido não como um produto do mercado mas como uma voz que enfrenta. E claro. Ter significado na vida das pessoas.

Obrigado pelos grandes lançamentos que você ajudou a proporcionar esse ano. Deixe um recado para a galera!

Eu agradeço imensamente ao Colecionador porque nunca imaginaria que responderia uma entrevista. Isso é um marco. Agradeço a todos que cruzam os caminhos da Vertigem Discos desde o começo e apoiam na base da amizade, comprando os materiais, divulgando, sugerindo, conversando e dando aquele combustível para continuar. Sou muito honrado. Grato pelas bandas por termos uma relação muito justa e algumas até de amizade incrível. E a você que leu até aqui. Como faço nas minhas postagens: APOIE AS BANDAS UNDERGROUND E A DISTRO/SELO LOCAL.

Quando o Instrumental Fala Muito: Buffalo Lecter

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Além das palavras, as mensagens são ditas em timbres e texturas. Os nossos conterrâneos do Buffalo Lecter lançaram esse ano um EP muito bem executado de música instrumental, que mescla rock com experimentações que transcendem as formas de comunicação.

Os caras são aqui de Recife, em atividade desde 2017. Formados por Jadiewerton Tavares (Bateria), Marcelo Duva (Contrabaixo) e Laio Orellana (Guitarra), a Buffalo Lecter fazem parte de uma renovação que a cena precisa.

O lançamento conta com quatro sons muito peculiares. Sabbahana Jam abre o disco com texturas de guitarradas e uma bateria enérgica e com o baixão dando o peso e a sujeira que o som pede. Setback começa com os graves que são somados a riffs estranhos, mas que geram aquela estranheza boa do noise, como se fosse o disco riscado. As experimentações continuam por todo o som. E pra quem acha que um bom nome não pode ser repetido, enganou-se, mermão: Buffalo Lecter é o nome da banda, do EP e desse som maravilhoso. Esse é um som que não quero comentar. Quero vocês ouçam e sintam. Quero que reflitam sobre a existência. É o melhor som do trabalho e vale muito a pena ser ouvido com fone, para que você se sinta imerso. Impact One fecha o trabalho com muita energia, em um som com estrutura bem pensada e nenhum pouco enjoativa.

Essa é com certeza uma das bandas que me dão orgulho em fazer parte de uma cena tão plural e única como a de Recife. Todas as conquistas que esses meninos conquistaram ainda são poucas, pois o talento é ímpar.

Links Úteis:

EP Buffalo Lecter:
Spotify:http://open.spotify.com/album/1dPVFaZrhKSFKItNIl3r7D
Deezer:http://www.deezer.com/album/104366672
iTunes:http://itunes.apple.com/us/album/id1473447679
YouTube:https://youtu.be/xFOVoYg9DIA
Redes Sociais:
https://www.instagram.com/buffalolecter/?hl=pt-br
https://www.facebook.com/buffalolecterjam/
https://www.youtube.com/channel/UCBc63-Dcc59eFAv18DpU7qQ

Contatos:Telefone: (81) 997 177 081 – falar com Marcelo DuvaE-mail: buffalolecterjam@gmail.com ou marceloduva@gmail.com

O Crust Sludge Pernambucano do Ruína

Sempre digo que as bandas aqui de Recife não devem nada a nenhuma outra do Brasil à fora, ou mesmo do mundo. Temos bandas criativas, que muitas vezes com poucos recursos criam sonoridades fuderosas. Mermão, a Ruína é uma delas.

Com a proposta de unir elementos de diferentes gêneros da música extrema, o grupo formado em julho de 2017, flutua por diversas referências indo do crust ao sludge, do hardcore ao doom.

Autofagia, o EP de estréia da banda, produzido por Mathias Severien (Desalma), no Estúdio Pólvora, sintetiza o peso e o caos do som criado pelos pernambucanos ao longo de sua existência. Eu, particularmente, achei o som muito bom para um primeiro registro. Com seis músicas, “Fria Navalha” é a minha preferida, que conta com riffs fritados do black metal, unidos ao hardcore, e d-beat do crust. Como eles mesmos explicaram, o título do EP refere-se ao processo de degradação e ato do homem ou animal nutrir-se da própria carne. A temática do disco traz conceitos da sobrevivência e sentido da vida em um mundo onde nada é solucionado e tudo é exposto de forma degradante.

Pra quem gosta de som com vocal desesperado, andamentos que nos levam a loucura, com riffs que ficam presos na mente, “Autofagia” já mostra que a Ruína não brinca em serviço. Esperamos por um full álbum em breve.

Ruína é: 
Zé Carlos – Vocal 
Lucas Guedes – Guitarra
Rodrigo Santos – Bateia 

Facebook: https://bit.ly/2TyXCkF 
Instagram: https://bit.ly/2OX1DvZ 
Spotify: https://spoti.fi/2EfCFqJ 
Deezer: https://bit.ly/2QFrbT5
Youtube: https://bit.ly/2L3aR9K 
Bandcamp: https://bit.ly/2SuXNw8 
SoundCloud: https://bit.ly/2REx0NY

Contato: ruinapunx@gmail.com 

Test: O quebra-cabeça do “O Jogo Humano”

Apesar de já ter ouvido falar muito na banda Test, nunca tinha parado para ouvir. Foi a partir da participação da banda no programa Scena, que passei a pesquisar sobre a mesma e descobri esse excelente lançamento de 2019: O Jogo Humano. O álbum conta com nada menos que CINQUENTA E QUATRO faixas inspiradas em “marchinhas”. O trabalho é feito à base de vários sons com percussões ininterruptas e possui letras que satirizam partes específicas da sociedade.

O Jogo Humano – Arte por Carolina Scagliusi

Em entrevista, João Kombi explica que a ideia é a de o álbum funcionar como um jogo interativo, para que o ouvinte possa unir as palavras contidas nos títulos, formando frases doidas e criando sequências distintas a cada vez. Ou seja, ele monta o álbum como ele quiser. Loucura? Sim. Mas funciona demais.

O álbum transita entre o grindcore e o black metal, com blast beats fantásticos do Barata. O clássico “cavalo manco” continua no som, para agitar a galera e trazer o circle pit aos shows dos caras. O lançamento físico está sendo feito por diferentes selos, cada qual com sua montagem. Ou seja, você encontra diversas versões desse mesmo disco. Quer algo mais inovador? Aguarde, pois com certeza eles inventam algo fuderoso no futuro.

As letras, por sua vez, tratam principalmente de variadas falhas humanas. O que invariavelmente acontecem. Todo mundo erra e todo mundo erra muito. Talvez trata-se de uma crítica à nossa bolha que busca seres humanos perfeitos de caráter incorruptível, quase como uma Igreja. Se é isso de fato, não sei dizer. Test sempre deixa a dúvida no ar. A autoria das mesmas são músicos de outras bandas e até de alguns gêneros aleatórios ao som do Test, como Jair Naves. Cada autor recebeu um título, sem demais explicações.

Som visceral, criatividade, o Test se mostra uma banda única. Nem consigo enquadrá-los como uma banda de grind. Eles transcenderam esse rótulo criando algo que não existe. Conseguiram ao mesmo tempo deixar o som orgânico e sujo. Tem reverbs, tem pegada experimental, tem batera louca. Não espere lógica, o Test foge do mais do mesmo.

O trabalho foi gravado, produzido e mixado pelo próprio João em seu home studio, e masterizado no Audio Siege, em Portland, Estados Unidos, por Brad Boatright (conhecido por ter material lançado também com o Sleep, Full of Hell e YOB).

Veja o hardcore torto da banda Diokane em primeiro videoclipe oficial

Está no ar o primeiro clipe oficial da banda Diokane (crooked core), de Porto Alegre (RS). O vídeo é da música ‘The Light that Makes Us Blind’, que está no EP This Is Hell We Shall Believe (2018). A filmagem e a edição são assinadas pela produtora 18 Filmes, que já trabalhou com o quarteto em registros ao vivo. 

— Queríamos uma sequência agitada e bacana de imagens. Então, gravamos a banda internamente (eles estavam em círculo) com a câmera na mão e alguns takes somente do vocal separado. Além de cenas olhando de fora, em torno dos quatro integrantes. Na edição, usamos um plugin aberto chamado “Jarle’s Deadpool Camera Shake”, criado pelos editores do filme Deadpool. Esse recurso deu uma chacoalhada nas filmagens e deixou mais orgânica a movimentação da câmera — explica Leandro Monks, sócio da 18 Filmes ao lado de Lucas Bramont.

  A faixa ‘The Light that Makes Us Blind’ foi escolhida para ser ilustrada na tela porque reúne vários elementos que compõem o som da Diokane: a base hardcore não ortodoxa, momentos de vocais urrados quase crust e alguns mais limpos, as guitarras que passeiam entre subgêneros do metal extremo, o baixo nervoso com groove e as batidas alternando velocidade e tempos marcados.

— A letra desse som fala sobre sentir-se perdido em meio a um turbilhão diário de informações. Processo que, não raro, fomenta uma paranoia contemporânea com base na necessidade de se saber, em tempo real, o que é notícia no mundo (on-line, principalmente). E, ao mesmo tempo, cria distrações para tirar o foco de acontecimentos realmente importantes. Todos querem saber sobre o que os amigos virtuais e a mídia estão a falar. E, quando não estão inteirados, é como se estivessem excluídos do círculo vicioso que nos mantêm conectados. Buscamos a luz da sabedoria, mas chafurdamos na escuridão da histeria coletiva — pontua o vocalista Homero.

Enquanto divulga o novo vídeo, a Diokane se prepara para uma sequência de shows em novembro: 

Ouça a Diokane:

=> Bandcamp: diokane.bandcamp.com.

=> Spotfy: https://spoti.fi/2NgPnJz.

=> Youtube: https://bit.ly/2CXJoF3.

Vídeos ao vivo:

=> Abertura para Max & Iggor Cavalera (tocando clássicos do ‘Beneath the Remains’ e ‘Arise): https://bit.ly/2lEp2ZU

=> Clipe ao vivo da música ‘Born with a Curse’:https://bit.ly/2BVACV5

=> Clipe ao vivo da faixa ‘Rushing’: https://bit.ly/2WT4WNn

=> Participação no Programa Radar, da TVE: https://bit.ly/2IppXGx

(2017) e https://bit.ly/2ZMJeZl (2019)

=> Abertura para o Ratos de Porão no Opinião (2017): https://bit.ly/33LDlNT.

‘The Light that Makes Us Blind’ e ‘Descreditado’ (ao vivo na Casa Obscura)— https://bit.ly/2kkddYV

‘Under the Influence’ (ao vivo na Casa Obscura)— https://bit.ly/2lYZKG9 

FÖXX SALEMA: Lyric vídeo comemora lançamento de um ano do single “Mankind”

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Lançado no Halloween de 2018, o single “Mankind” serviu como uma carta de apresentação do trabalho da vocalista FÖXX SALEMA, que no primeiro semestre de 2019 lançou seu primeiro álbum completo, “Rebel Hearts”. Para comemorar um ano de lançamento do single, que hoje já ultrapassa quase 50 mil plays no Spotify, é disponibilizado o lyric video para a faixa, com edição do tecladista Cleber Magalhães. Gravado no estúdio Na Casa Estúdio & Produtora, com produção de Paulo Garciia e co-produção da própria vocalista, o single contou ainda com Karine Campanille gravando guitarras, baixo e teclado e com o baterista Alessandro Kelvin. A ilustração do single e que também consta no vídeo, foi concebida por FÖXX SALEMA e desenhada por Wendell NarkEdmi.

Assista ao Lyric Vídeo:

Para FÖXX SALEMA, o lançamento do lyric video celebra não apenas o aniversário de um ano do single, mas também um ano de muita luta e resistência: “Nesse um ano que se passou, realizei vários sonhos, o próprio lançamento do “Rebel Hearts” foi um passo muito importante em minha carreira, e ao mesmo tempo, fui obrigada a lutar para manter minha arte firme diante de tantas adversidades. Em tempos onde os ataques virtuais são perpetuados por pessoas desprovidas de bom senso e inteligência, sigo firme e confiante que meu trabalho está sendo bem recebido e posso dizer tranquilamente que esta insistência em seguir trabalhando tem me trazido diversos aliados dispostos a combater o preconceito transfóbico no Heavy Metal”.

FÖXX SALEMA tem realizado testes em busca por um(a) guitarrista para dar sequência nos shows de divulgação do debut “Rebel Hearts”. Para se candidatar ao posto, basta entrar em contato pela página da banda ou pelo e-mail da assessoria: wargodspress@gmail.com. Dentre os pré-requisitos, é necessário que os interessados cantem os backing vocals, deem ênfase na fidelidade dos arranjos e solos, sejam maiores de idade e emancipados judicialmente. O repertório é focado principalmente nas músicas autorais, com a adição de eventuais covers. Os testes e posteriores ensaios ocorrerão em um estúdio na cidade de Belo Horizonte/MG e não terão custos para os integrantes.

Contatos:

Site: www.foxxsalemaband.com.br

Facebook: https://www.facebook.com/foxxsalema78

Youtube: www.youtube.com/user/FoxxSalema

Instagram: www.instagram.com/foxxsalema

Twitter: www.twitter.com/foxxsalema

Assessoria de Imprensawww.wargodspress.com.br

Edições avulsas, assinatura física e digital.

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INVOKAOS lança debut ‘Retirantes do Holocausto’

Antecipado com o lyric video da música “Black Cobra”, o álbum de estreia do Invokaos, “Retirantes do Holocausto”, está disponível nas plataformas de streaming e em material físico, em uma parceria dos selos ABC Terror, Metal Mania, Tales From The Pit e Pancadaria Sonora.

Veja o lyric video de “Black Cobra“, produzido por W. Perna, em https://youtu.be/x_C_40FpbVQ

A arte de capa de “Retirantes do Holocausto” é uma releitura da famosa pintura ‘Os Retirantes’ (1944), de Candido Portinari, que faz parte do acervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Nela, Bacchiega, que também assina toda a arte gráfica, adaptou os personagens da história e da mascote Kira. “Desenvolvi um encarte especial em forma de HQ, contando o início da história da mascote da banda, Kira. Além das letras, haverá também cinco páginas da HQ falando um pouco sobre a história de um mundo devastado por um governante ditador, em que a fome e miséria são explícitas”, revelou.

Produzido e gravado por Lucas Moreno (Lucs Studios), “Retirantes do Holocausto” conta com 11 faixas, sendo seis inéditas e a introdução, “Cânticos Sertânicos”, criada por Wanderson “Tuco” Pereira e inspirada pela capa com elementos da música nordestina. “São músicas com variedades de estilo, representando fielmente toda a nossa diversidade, seja no black, thrash, death, crossover e grindcore. Gravamos o disco no home estúdio de Lucas Moreno, que é formado pela EM&T e foi quem produziu o nosso EP ‘Fúria Manifesta’”, contou o guitarrista Alexandre Jansen.

Já a faixa “Desigualdade, Impunidade” fala sobre a ganância de poder. “A referência musical percorre pelo thrash e crossover, que combinam bem com a crítica contida na letra, sobre a forma com que as pessoas querem chegar ao lugar desejado passando por cima de outras, sem nenhum tipo de empatia”, explicou Jansen.

O repertório também traz “Maldito”, faixa que homenageia o renomado cineasta brasileiro José Mojica Marins, mundialmente conhecido como Zé do Caixão. “Voltada para o grindcore, é uma homenagem ao nosso grande cineasta Zé do Caixão”, revelou o vocalista Bruno Bacchiega, que também foi o autor da letra de “Canibalismo e Caos”. “Ela mostra um retrato da sociedade em que o caos, causado pelo individualismo, é constante.”

Criado em 2017, o quarteto paulista Invokaos, da região de Diadema, estreou no ano passado com o EP “Fúria Manifesta”, que teve uma repercussão positiva. “Tivemos uma evolução nas composições no período entre o EP e o álbum. Tudo fluiu bem e isso é um reflexo do tempo de banda e o nosso entrosamento. O que também ajudou bastante foi a convivência com outras bandas, pois costumamos dizer que nossas maiores inspirações são os grupos que tocam com a gente nos festivais underground”, avaliou Jansen. “Com o álbum lançado, nós vamos nos concentrar nos shows de divulgação, assim como na produção de novos materiais, como clipe e lyric das músicas”, concluiu.

Formação:
Bruno Bacchiega (vocal)
Alexandre Jansen (guitarra)
Léo Bulhões (baixo)
Thiago Queiroz (bateria)

Sites relacionados:
https://www.youtube.com/c/invokaos
facebook.com/Invokaos
instagram.com/invokaos

Ouça no Spotify em https://open.spotify.com/album/7rOGii4H9PV4yKkx9qsmcI

Contato para shows: 11-973966992 | invokaos@gmail.com

Fonte: ASE Press

“Inflamar”, o lançamento mais significativo de 2019

Se vocês achavam que 2019 teve lançamentos fuderosos, e que o ano já tinha fechado… Parem tudo o que estão fazendo e ouçam o split “Inflamar” que reúne as bandas Manger Cadavre?, No Rest, Vasen Käsi e Warkrust, todas lideradas por mulheres fortes e muito ativas no underground brasileiro.

A arte da capa ficou a encargo do Marcelo Augusto, que é guitarrista da Manger, e mais uma vez nos surpreendeu com a qualidade de seu trabalho. O lançamento físico estará disponível em breve pelo coletivo de selos Helena DiscosElectric Funeral RecordsCrust Or Die Collective, Xaninho DiscosUnderground Storm RecordsVertigem DiscosPoeira Maldita RecsTerceiro Mundo Chaos e Brado Distro. Ou seja, a distribuição está bem feita para todo o Brasil.

Faixa a Faixa

Se vocês já ficaram boquiabertos com o álbum AntiAutoAjuda lançado pela Manger Cadavre? no dia 1º de maio desse ano, se prepare: os dois sons da incansável banda estão incríveis. “Incendiar” é um som de revolta, com riffs do thrash, death e hardcore, pedal duplo, baixo bem marcado (como é característica do Manger), conta com os urros mais brutais da vocalista Nata de toda a discografia da banda. A letra fala sobre guerras híbridas e as estratégias utilizadas pelos países imperialistas para desestabilizar os países em que eles possuem interesse em implantar medidas neoliberais. O segundo som, “Amazônia”, também tem a ver com fogo. A letra fala das ações de mineradoras e ruralistas que deixaram rastros de sangue nos últimos meses, de acordo com o projeto entreguista. Meus senhores, que bumbo duplo! Que riffs! Que base pesada. Com referências claras de death metal, o hardcore crust da banda ficou muito bem preenchido e mostra que a Manger Cadavre? realmente merece todas as conquistas dos últimos anos.

Foto por Walter de Andrade

E as surpresas não param! Quem é mais velho, vai se lembrar de uma das primeiras, senão a primeira banda de hardcore crust brasileira com uma mulher no vocal: No Rest. O que temos em “Inflamar” é um crust punk metal, furioso e muito bem executado. “Nem sujeição, nem apatia” fala sobre a condição da mulher em nossa sociedade em que “o que é fácil para um, pode ser muito difícil para uma” e como a consciência das mulheres pode despertá-las para não viver sujeitas a tudo o que lhes é imposto pela condição de ser mulher e nem de apatia. É um chamado. Detalhe para os riffs que nos remetem ao blackned, bateria como os compassos do coração angustiado e que vocal. Aline mostrou que ainda é um dos grandes nomes do som extremo nacional. “Abraçando o fascismo” é uma denúncia sobre a extrema direita que se instaurou em nosso país e alguns outros. Som pra agitar e cantar junto! Esperamos que a banda nos presenteie com novos lançamentos, já que o hiato entre o último lançamento e esse split foi grande. Que felicidade escrever sobre vocês!

Foto: Divulgação No Rest

Vocês se lembram que em uma entrevista eu disse para anotarem o nome de uma banda muito promissora? Eis que a Vasen Käsi invade nosso peito com dois sons que também caminharam para o death metal melódico, é o peso do metal, somado ao crust, postura punk. Ambas as músicas são em inglês, com um vocal poderoso de Mars Martins, que somos absurdamente ao som da banda. Mermão, eu que amo Wolfbrigade, estou encantado. “Embrace the fall” é um som incrível! Com riffs muito bem construídos e criativos, que máquina Wallison Paulistinha se mostra. Batera na mesma pegada, preenchendo o som com peso. “Prometheus” segue na mesma linha, death metal com crust do começo ao fim. Letras impactantes, com métricas bem encaixadas. Essa banda ainda irá nos dar muito mais orgulho e com certeza esse lançamento mostra um amadurecimento gigante.

Foto por Amanda Rocha

Fechando esse trabalho formidável, temos o crust d-beat que traz o apocalipse com o vocal sujo e marcante de Anne, com a Warkrust. “Sua sociedade Não Vale Nada” é um som que agrada a headbangers e punks, com destaque aos riffs de guitarra bem colocados e que, ao som do tupá tupá, faz a gente querer abrir o mosh no meio do trabalho. A letra trata de como o ser humano foi condicionado a ser um escravo na sociedade capitalista. “Pobre de direita” começa com um clima desolador, que logo dá licença a ao d-beat e a uma pegada mais ao crust. A letra por si só fala do mal que assola a nossa sociedade atualmente: o pobre de direita. Som muito bem elaborado e sem uma mensagem positiva, como sempre nos avisou a Warkrust. A música termina em um fade out muito legal. Baita som!

Uma curiosidade, a Manger Cadavre? e a Vasen Käsi são bandas do interior do estado de São Paulo, enquanto a No Rest e a Warkrst são de Porto Alegre/RS. Mesmo com vertentes diferentes do crust, as quatro bandas conseguiram elaborar músicas que se conversam e (não sei se foi proposital), possuem uma lógica entre si.

” Em tempos sombrios, somente a mobilização pode inflamar um povo no sentimento de retomada dos direitos que estão sendo usurpados. Converter em chamas as ideias conservadoras e reacionárias. Sair da apatia. Colocar fogo. Lutar. “

Delinquentes: lendária banda de Hardcore Crossover do Pará faz 3 shows em SP

Uma das mais antigas bandas de Rock no Pará em atividade, o Delinquentes fará três shows em São Paulo no mês de dezembro, destilando seu Hardcore crossover, genuinamente amazônico.

A banda fará as seguintes datas: dia 13 de dezembro no 74 Club de Santo André, em 14 de dezembro o grupo toca no Caveira Velha de Jandira, e no dia 15 de dezembro o compromisso dos caras é no Fabrique Clube de São Paulo.

Com um currículo repleto de grandes festivais, turnês pelo país, participação em coletâneas nacionais, além de três discos, um DVD, vários videoclipes e muito material gravado, o Delinquentes passou por todas as grandes transformações da cena independente paraense e se firmou na história da música local, nunca parando de tocar desde seu início, em 1985.

A discografia do grupo traz os álbuns Pequenos Delitos (2000), Indiocídio (2009), o DVD Planeta dos Macacos (gravado ao vivo na Praça da República em 2013) e o último Infectus Humanos (2019).

Lançado em abril deste ano, o CD Digipack Infectus Humanus, foi gravado por Kleber Chaar no Fábrika Studio, produzido por Camillo Royale (Turbo) e mixado e masterizado por Gustavo Vazquez, do estúdio goiano Rocklab. O disco, lançado em parceria de 3 selos: Na Music, Distro Rock Records e a paulistana Orleone Records, contém 11 faixas e é um tapa na cara do conservadorismo dentro da cena rock nacional, um grito contra o conformismo desde a abordagem das letras, passando pelo som cuspido e veloz até a ousada capa, criada pelo designer paraense, premiado dentro e fora do país, John Bogea.

O Delinquentes é Jayme Katarro (vocais/berros), Paulo Henrique (guitarra e backing vocals), Pablo Cavalcante (baixo e backing vocals) e Raphael Lima (bateria e backing vocals).