Klitores Kaos é uma banda de crust feminista, de esquerda, antifascista. Formada em fevereiro de 2015, pelas vocalista Grace Dias e baterista Débora Mota, a partir de uma vontade e necessidade de bandas formadas só por mulheres no cenário hardcore punk da cidade, com uma ideologia de fato feminista, como uma forma de expressar nossas ideias, criticar o sistema opressor que serve aos interesses da elite burguesa do país, a desigualdade e caos social de nossa cidade, e enfatizando a questão de gênero também. Fazem um som politizado, pesado e cru! Conversamos um pouco com elas e com a ex-vocalista Grace que continua ativa na banda, apesar da distância.

A banda passou recentemente por uma mudança de formação, devido a viagem da vocalista Luma para Portugal. Falem um pouco sobre essa transição.
Acho que uma das principais dificuldades foi a mudança de formação, quem ficaria no vocal, passaram a Thyrza que segurou as pontas em alguns shows importantes que ja estavam marcados. Depois encontrar uma vocal q ficasse permanente era o desafio. Agora já estão mais orientadas as coisas e a batera assumiu o vocal e ta se saindo muito bem, apenas tendo que se ajustar algumas coisas nas músicas.

A Klitores Kaos é uma banda com postura e letras antifascistas. Como é o cenário independente em Belém? Há apoio ou repúdio à postura da banda?
A gente recebe muita manifestações de apoio na cena de Belém, muitas minas passaram a ir nos shows depois de um tempo afastadas do cenário, pois se sentiram acolhida com nosso som e letras. Mas claro que há ainda muito machismo, que são expressos através de xingamentos bem baixos na página da banda e até mesmo com assédio de homens em alguns shows. Caras que dizem apoiar a banda, mas tem atitudes super machistas e misóginas, parece que não lêem as nossas letras e nem sacam a ideologia da banda. Apoio que é pura falácia no fim das contas. Somos uma banda de composta por mulheres, feminista e antifascista!
Vocês fizeram um financiamento coletivo para ajudar na gravação do próximo trabalho de vocês e conseguiram angariar os fundos. Como foi esse processo? A galera ajudou na divulgação?
Fizemos no site do vakinha e no começa não tínhamos muita confiança que conseguiríamos arrecadar a grana, mas felizmente valeu a pena a iniciativa pois teve muita divulgação da galera de Belém e de outros Estados, doações da nossa cidade e de fora também, e conseguimos bater a meta que propomos! Aproveitamos pra agradecer novamente todos que ajudaram e divulgaram! Já finalizamos a gravação do EP e esperamos que em breve fique pronto!
Como foi o processo de gravação? Quando o material estará disponível?
O processo de gravação foi algo bem novo pra todas nós, apesar de que já tínhamos passado pela experiência de gravar um tributo a banda Bulimia, tocando uma versão de uma das músicas, gravar nosso próprio som foi diferente, tivemos que ajustar algumas coisas, mas tivemos muito apoio e orientação do Zé Lucas, da banda Sokera, que ta produzindo a gravação do EP, enfim, foi bem emocionante particularmente pra mim registrar nossas músicas próprias, um sonho realizado! O EP ta em processo de finalização da mixagem/produção das músicas, esperamos que em breve fique tudo pronto,pois queremos lançar não apenas em formato digital, mas também físico(inclusive os selos e distros que tiverem interesse em lançar nosso material, só entrar em contato, estamos disponíveis para.conversar, como eu disse,é um procedso novo pra todas nós, de gravação, produção, lançamento, e quem tiver dicas etc para nos passar, agradecemos muito.

Indiquem 5 bandas do Pará que vocês curtem e que tem o posicionamento ideológico próximo ao de vocês.
Bad Trip, Alcoólicos Anônimos, Setembro Negro, Aurora Punk e Contraponto Crust.
Quais são os planos futuros da banda?
Em relação a planos futuros, agora que eu e Camila estamos morando bem longe de Belém, acho que principalmente manter s banda na ativa, continuar passando nossa mensagem, mediante as várias dificuldades de cada uma das integrantes (manter uma banda no undeground não é fácil, ainda mais sendo só de.mulheres, com ideologia de esquerda/combativa) escrever e compor mais músicas, para podermos gravar um CD completo um dia, tocar em outros Estados onde ainda não fomos e quem sabe um dia fora do país.
Considerações finais.
Agradecemos a oportunidade em poder falar um pouco sobre a esse processo de resistência que é formar e manter uma banda de mulheres, feminista, formada por proletárias/mãe solo/moradoras de periferia/ estudantes/ lgbt, nesses 4 anos de existência da Klitores Kaos. Esperamos ver cada vez mais minas pirando nos nossos shows, se sentindo mais seguras nesses espaços e incentivar a criação de mais e mais bandas de minas!!! Só a Luta muda a vida!!!!
Essa banda é foda demais! A primeira vez que as vi no palco foi durante o Facada Fest, em São Bráz. Muita energia! Uma legião de meninas tomou conta da cena qua a KK subiu ao palco. Quero fazer um destaque à vocal da banda: extremo, perifério, asfáltico. Um grito de “basta!”. Muito bom. Aguardo ansioso o EP. O mundo merece conhecer KK.
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