Eta ano bom de acabar! Só direito perdido, a milícia no poder, a polícia matando preto e pobre como nunca antes… A única coisa boa que Bolsonaro fez por esse país, foi inspirar bandas em grandes lançamentos. Então para fechar o ano com algo decente, fica aqui a nossa lista de melhores lançamentos (ou os que a gente mais gostou). Desde já agradeço ao apoio de todos que leram e compartilharam nossas matérias. O underground é feito por todos!

Álbuns

SURRA – Escorrendo Pelo Ralo
Possivelmente a banda que mais tocou em 2019. O Surra elevou o seu thrash punk a um estilo único, sem medo de mesclar elementos do metal e até do grindcore. Grande destaque para as letras que estão mais maduras e nos inflamam para a resistência.

SPIRAL GURU – Void
Disco extremamente bem gravado e executado, que mescla o stoner ao melhor estilo Sabbath, com elementos experimentais, do doom e mesmo do pós-punk. Void colocou a Spiral Guru dentre os maiores nomes do gênero no Brasil e com certeza, fora do país a banda irá alcançar um público ainda maior.

MANGER CADAVRE? – AntiAutoAjuda
Um dos discos que me fez chorar ao acabar de ler o encarte. Mas foram lágrimas de esperança. Um hardcore crust visceral, com uma estrutura narrativa, emociona pela construção dos elementos sonoros e temática anticapitalista que nos guia para um outro caminho possível.

RED RAZOR – The Revolution Continues
Consciência de classe + Anticapitalismo + Cerveja. Essa combinação somada a músicos extremamente bons só poderia resultar em um álbum fuderoso, que faz você querer ouvir outras vezes e clamar a revolução. Felizmente eles estarão no Abril Pro Rock 2020 e poderei conferir de perto essa destruição sonora.

NERVOCHAOS – Ablaze
Mais satânicos do que nunca, o NervoChaos traz o seu melhor trabalho até então. com identidade e evolução criativa nas músicas. A banda apresenta um retorno ao death/thrash metal da velha escola, eles incorporaram também alguns detalhes do black metal com uma pegada mais crua, primitiva (nada mais acertado, tendo em vista a temática do álbum).

BAIXO CALÃO – Necrológio
Grindcore niilista de Belém do Pará, já tinha nosso respeito, agora com o vocal de Monise, está ainda mais arretado. Com dezoito sons que fogem do grind mais do mesmo, ainda conta com vinhetas muito massas e uma linha que caminha para a morte. Excelente lançamento. Detonem no Obscene Extreme, pois vocês merecem demais.

TORMENT THE SKIES – Impure
A banda de death metal de Natal (RN), Torment The Skies, uma das gratas surpresas do ano. O disco trata do conceito do Inferno, segundo Dante e leva os ouvintes para uma viagem ao submundo, ficando cara a cara com a podridão do ser humano. O último álbum havia sido lançado em 2014, e podemos notar uma grande evolução nas composições que estão mais trabalhadas e na qualidade técnica da gravação.

HATEFULMURDER – Reborn
Um dos grandes nomes do Thrash/Death brasileiro nos presenteou com o álbum Reborn, que conta com nove sons intensos, raivosos e de qualidade técnica impecável. Os urros de Angelica Burns denotam o porque é considerada uma das grandes fronts brasileiras. Trabalho maduro que coloca a banda em um outro patamar.

TEST – O Jogo Humano
Banda que possui longa jornada no underground, mas só conheci recentemente pelo álbum “O Jogo Humano”. O disco é composto de forma que o ouvinte pode montar a ordem que quer ouvir e ainda assim o disco fará sentido. Destaque as letras foram compostas por vários autores. Grindcore com Black metal que gerou um estilo próprio.

AÇÃO DIRETA – Na Cruz da Exclusão
Com mais de três décadas, o Ação Direta ainda nos surpreende. “Na Cruz da Exclusão” é mais um dos excelentes trabalhos lançados em 2019 (em que as bandas estão inspiradas pelas desgraças do atual governo) e que tem tudo para se tornar um clássico.
TERROR REVOLUCIONÁRIO – Campo de Esperança
Após completarem duas décadas de existência praticamente sem pausas, a banda de hardcore/crust Terror Revolucionário nos presenteia com uma compilação que conta com nada menos que SESSENTA E UMA MÚSICAS. É mole, mermão? É nada! É brutalidade na veia.

REALIDADE ENCOBERTA “Não Vivamos Mais como Escravos”
E falando em Ação Direta, uma ótima banda que bebeu nessa fonte foi a Realidade Enconberta que lançou o excelente “Não Vivamos Mais como Escravos” que tem o hardcore como base, num crossover com o metal. Posiconamento + som porrada!

QUESTIONS – Libertem
Primeiro álbum da banda paulistana gravado ACERTADAMENTE em português. O hardcore dos caras que geralmente trazem o PMA, nesse discos está com bastante raiva conscientemente dirigida (e necessária nesses tempos de fascismo). No instrumental encontramos peso e muita energia.

CROTCH ROT – Brochas From Hell
O goregrind brasileiro conta com bandas muito boas, com um instrumental bem executado e as temáticas gore que para alguns causam ânsia, mas para a maioria dos fãs do estilo, são diversão pura. O Crotch Rot, que é uma banda de Curitiba, em seu novo trabalho conseguiu unir a temática à crítica a misoginia sem deixar o deboche de lado.

PATA – Shit and Blood
Em meados de junho, a banda mineira Pata lançou o álbum “Shit and Blood“, que conta com dez músicas. O trio, que é formado por Lúcia Vulcano (guitarra e voz), Beatriz Moura (bateria) e Luís Friche (baixo), possui influências do grunge e do punk, tendo como maior referência a L7.

KULTIS – The Black Goat
Thrash metal que tem contos de H.P. Lovecraft como base nas letras, Kultist nos presenteou com o ótimo álbum “The black goat”. Fiquei muito contente em ouvir uma banda que puxa para o thrash mais arrastado, com riffs melhor trabalhados, com referências de Kreator e algumas coisas de Sepultura e Slayer.
EPs

MERCY KILLING – Escravo Neoliberal
Com três sons destruidores, Mercy Killing mostra porque é um dos grandes nomes do metal paranaense. Com o vocal poderoso de Tati, a banda mostra postura política e riffs empolgantes. Esperamos tê-los por Recife em breve, pois o trabalho é conciso e de qualidade.

PETALS BLADE – Holocausto
Thrash Death Metal de Castanhal no Pará, a banda Petals Blade lançou o EP “Holocausto” que conta com seis músicas com muito peso e muita raiva. Letras contestadoras, totalmente em português, mostram a realidade nua e crua do Brasil. Anote esse nome, pois o potencial é para grandes álbuns futuros.
BUFFALO LECTER – Bufalo Lecter
EP de estreia da banda natural de Recife, que faz um rock instrumental, com nuances experimentais muito concisas e criativas. A banda começou mandando brasa e enriquecendo a cena local pernambucana.

TEMPOS DE MORTE – Depression
Para quem é fã de bandas de gótico pós punk como Plastic Noir, Depression é o EP lançado pela banda paulista Tempos de Morte que nos faz voltar para os anos 80. A mensagem não é positiva, mas por que não curtir o fim do mundo com ótima música. Som fuderoso, que agrada de góticos à headbangers.

QUILOMBO – Itankale
Com inspiração na realidade vivida pelo povo preto desde sempre, o EP conta com seis músicas, com lançamento pela Sangue Frio Produções. Buscando fugir da historiografia contada pelo povo opressor (que tentam justificar o injustificável), as letras contam com um estudo aprofundado, além da participação do percussionista Binho Gerônimo, que trouxe elementos originários da África no EP.

COSMOGONIA – Reviva
Quem viveu o final dos anos 90 vai se recordar do boom de bandas riot grrrls que aconteceu no Brasil. Dentre elas, uma das mais importantes foi a Cosmogonia. Treze anos após o último lançamento, e um hiato de shows, a banda volta com uma grande bagagem de apresentações e lança EP com três sons inéditos.
BRAZATTACK – Oposição Cotidiana
O Distrito Federal Caos é o principal celeiro de ótimas bandas de hardcore. Brazlândia, que é uma das cidades satélites do DF não poderia ficar de fora. É de lá que vem a banda Brazattack, que lançou esse ano o seu primeiro trabalho, o EP “Oposição Cotidiana”. Hardcore metal com muito conteúdo politizado.
SPLITS

“Inflamar” – Manger Cadavre?, No Rest, Vasen Käsi e Warkrust
Split 4 way com quatro dos grandes nomes do crust nacional (em diferentes vertentes). Para mim, foi o lançamento mais significativo do ano se tratando da temática, sonoridade, arte e importância no cenário underground.

“Obliteration” Pandemmy & Abscendent
Pandemmy, uma banda de Thrash/Death Metal daqui de Recife, contou com Rayanna Torres no vocal nesse trabalho, que executou de forma impecável. Já o Abscendent, é uma banda de Death Metal originária da cidade de Lazio, na Itália. O trabalho está muito bem gravado e executado, e é motivo de orgulho que o nosso metal esteja ganhando o mundo.

Aphorism x Rabujos
Duas das bandas mais extremas do nordeste brasileiro se uniram nesse split que conta com brutalidade, sujeira, qualidade de execução e gravação, mostrando que não brincam em trabalho. Você encontra crust, death metal e nas duas bandas, vocais furiosos. Música extrema somada a consciência e qualidade elevada! Porrada no fascismo.

“Enfermo” – Narcose e Dësterrö
Barulho, distorção, duas baterias, gritedo e coisarada é o que você encontra no split. Tem sludge, mas tem um monte de outras coisas também incluindo desespero. O split foi registrado com gravação em apresentação ao vivo da Narcose, e por isso possui soa lo-fi, mas nem por isso perde sua identidade.
É isso! Estamos de férias e até manteremos as publicações de notícias, mas as resenhas ficarão para ano que vem. Continuem enviando material para ser resenhado. Obrigado por compartilharem nossos textos. Continuem produzindo som infernal. Que em 2020, sigamos o exemplo de nossos irmãos do Chile, enfrentemos o fascismo nas ruas até a vitória!
