
Metalheads Against Police Brutality é uma iniciativa de mais de 80 bandas, selos, coletivos e artistas em solidariedade à luta contra a brutalidade policial na Grécia e no mundo.
A MAPB nasceu após mais um episódio de violência, onde o jovem Aris P., membro do coletivo anarquista Masovka, de Atenas, foi sequestrado na rua e levado ao Diretório Geral da Polícia (GADA). Durante dias foi espancado, torturado e pressionado a se suicidar.
A campanha foi iniciada por artistas da cena de black metal da Grécia, juntamente com ativistas brasileiros e rapidamente contou com a adesão de grupos por vários países, incluindo o Brasil. A nota oficial é assinada por bandas brasileiras como Gangrena Gasosa, Manger Cadavre?, Desalmado, Dark Tower, Nervochaos, Thuatha de Dannam, Pandemmy, Vociferatus, entre outras, além de selos e coletivos como o Preto no Metal. Leia a nota na íntegra:
Não podemos mais nos calar. Nossa voz precisa ser ouvida.
A longa e sangrenta história da brutalidade policial teve um capítulo recente em Nea Smyrni, na Grécia, no início de março onde, após reprimir uma manifestação (que era inclusive contra a própria brutalidade policial) na qual um policial foi ferido, a Unidade “Anti”-Terrorista da polícia iniciou uma campanha de retaliação selvagem contra várias pessoas, presentes ou não no ato. Aris P., membro do coletivo anarquista Masovka, foi sequestrado na rua em 10/03, levado ao Diretório Geral da Polícia (GADA) e espancado, torturado e até pressionado a se suicidar por dias. O governo de Kyriakos Mitsotakis, do partido de direita Nova Democracia, não mostra arrependimento ou sequer reconhecimento de que esses eventos horríveis ocorreram.
Isso está longe de ser uma novidade. George Floyd, Rafael Braga, Théo L., Sarah Everard, e Camilo Catrillanca são alguns exemplos em outros países, mas a lista é maior do que qualquer pessoa poderia escrever. A polícia sempre foi uma ferramenta da classe dominante para submeter os explorados e oprimidos, e em tempos de crise social, econômica e sanitária como 2020-21 (por causa da pandemia de Covid, mas não só), essa função é ainda mais nítida. A polícia da Grécia foi uma parte essencial da ditadura de Metaxas, e não é uma surpresa que o partido neonazista Aurora Dourada tivesse tantos apoiadores policiais, mas a PM do Brasil, para dar outro exemplo, não é diferente com os incontáveis assassinatos de negros desarmados nas periferias e seu apoio ao projeto de ditador de extrema-direita Jair Bolsonaro. Mesmo governos supostamente progressistas ou de esquerda, como Obama nos EUA com Michael Brown, a Argentina de hoje com Sebastian Romero, ou a Espanha sob o governo PSOE com Pablo Hasél, perseguem, agridem, assassinam e aprisionam ativistas políticos.
Agora, Aris P e o coletivo Masovka deram um passo grande. Eles decidiram processar legalmente a Unidade “Anti”-Terrorista da polícia grega, sem expectativas de que o sistema judiciário faça justiça, mas como parte de uma campanha para denunciar a brutalidade policial na Grécia e para forçar o Estado democrático grego a reconhecer seus problemas. Estão recebendo ameaças de morte, sendo perseguidos nas ruas, e sofrendo uma campanha de calúnias, e precisam de solidariedade política, de ajuda financeira para a campanha legal, e de apoio para espalhar as denúncias. E nós resolvemos atender a esse chamado.
Somos músicos, jornalistas, ativistas e produtores; viemos do black metal, do dungeon synth, do hip-hop e da poesia slam; somos marxistas-leninistas, anarquistas, trotskistas, ou simplesmente preocupados, estamos nos EUA, no Brasil, na Grécia e na Nova Zelândia. Somos muitos, e temos muitas diferenças entre nós – muitos sequer concordamos que a tática de Aris e do Masovka seja a melhor nessas circunstâncias – mas hoje unimos nossas vozes para dizer bem alto:
ABAIXO A BRUTALIDADE POLICIAL NA GRÉCIA E EM TODO MUNDO!
TODA NOSSA SOLIDARIEDADE A ARIS P., AO COLETIVO MASVOKA E A TODOS QUE LUTAM!


OUÇA A PLAYLIST METALHEAD AGAINST POLICE BRUTALITY
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