O Que Há Depois Da Morte? Brutal Death Metal – Entrevista Com a Banda Postmortem Inc

O Rio Grande do Sul é uma escola quando se trata de death metal. Da terra de onde saiu o Krisiun, não poderíamos esperar nada menos brutal. Conversamos um pouco com a banda de Pelotas, Postmortem Inc, que para nós é a grande promessa de estouro do metal brasileiro.

Conte um pouco sobre a trajetória da banda. Ano de formação, integrantes, discografia…

Douglas: A banda iniciou os trabalhos em 2004, em Pelotas/RS, 4 amigos querendo fazer som pesado, do thrash ao Death metal, Bruno e Daniel Añaña na guitarra e baixo, respectivamente, Douglas Veiga na bateria e Willian Knuth no vocal. Essa formação durou pouco, em seguida Matheus Heres assumiu o baixo e deixamos de lado os covers e começamos a compor material para uma demo. Durante as gravações da demo “Out of Tomb”, em 2006/2007, Willian saiu da banda, Bruno assumiu os vocais e Mou Machado entrou como segundo guitarrista. Nossa demo teve um longo alcance, com distribuição na Alemanha, França, Malásia, Canadá e Peru. Nessa época, ganhamos notoriedade na cena local, o que nos rendeu um longo período de muitos shows pelo estado. 

Em 2010, Matheus saiu da banda e Juliano Pacheco entrou como baixista, fechando a nossa formação atual. Resolvemos lançar mais material em 2013, o EP “Atra Mors”, com 2 músicas inéditas e uma regravação de “Possession of Spirit and Flesh”, lançado pela Rapture Records, Blasphemic Arts e Rock Animal. Em 2014 lançamos o EP “Within the Carcass” pela Cianeto Discos, com 3 músicas inéditas e uma regravação de “Decomposition on High Degree”. Esses dois Eps foram unidos e foi lançado em 2016 como Split com a banda Casket Grinder, da Colômbia, sob o nome de “Sepulcro Eterno” lançado pela Tribulacion Records. 

Sempre na ativa, tocando onde rolar e do jeito que der, seguimos a nossa trajetória, que no momento está direcionada pro lançamento do nosso primeiro full-lenght, chamado “The Conqueror Worm”.

Recentemente vocês incluíram o INC ao nome da banda. Falem um pouco sobre a alteração.

Mou: Fizemos essa pequena alteração no nome por questões legais e para facilitar as buscas pelo nosso material, pois éramos frequentemente confundidos com outra banda chamada Postmortem, da Alemanha. Já estávamos há tempos pensando sobre a mudança de nome para acabar com essa confusão, quando iniciamos o processo de registro das nossas novas músicas foi o momento de decidir. Apesar da mudança, parafraseando o Juliano, “se chamar Postmortem a gente atende” hahahahah.

Vocês tem se destacado na cena death metal brasileira, e estão todos ansiosos para o lançamento do full album. Nos contem um pouco sobre o processo de gravação desse material.

Douglas: Esse material novo foi lapidado por uns 4 anos, período em que fazíamos vários shows e queríamos entrar em estúdio com as músicas prontas e afiadíssimas. Somos muito detalhistas e refizemos várias vezes antes de estarmos confiantes para de fato gravar. Gravamos as baterias num estúdio familiar à nós, o Bokada Estúdios, do nosso querido amigo e apoiador da cena, Marcelo Rubira. Cordas e vozes foram gravadas no estúdio do Bruno, Brut Áudio, onde ele também mixou. Aliás, o Bruno responde por toda gravação e mixagem. Fui responsável pela arte da Capa, design do encarte e também pelas letras. 

Mou: O processo de composição foi longo, pois trabalhamos bastante para que soasse como um disco, e também foi bem variado, com músicas colaborativas e individuais. Na época eu morava em outra cidade, então nos juntamos apenas em alguns finais de semana para ensaiar e organizar as composições, o que acabou tornando o processo mais lento, mas estamos muito satisfeitos com o resultado.

O clipe de “State of Conspiracy” vem sendo muito elogiado e vocês anunciaram o lançamento de um lyric video de  “Forgotten Decay”. Nos contem sobre a importância das produções digitais em época de pandemia e como a ausência de shows tem impactado a banda.

Mou: Eu diria que as produções digitais são muito importantes nos tempos atuais, a pandemia só deixou isso mais evidente. Esse tipo de conteúdo se tornou a forma praticamente exclusiva de mostrar os trabalhos realizados nesse período maldito. O plano inicial era filmar um clipe com roteiro e captação de cenas inéditas, mas dadas as condições tivemos que pegar registros de shows feitos antes da pandemia e transformar em um clipe. Gostamos do resultado e a repercussão está sendo bastante positiva!

A ausência de shows está nos matando hahahahah, pois somos uma banda que topa qualquer parada pra tocar, desde que seja viável. Lançar o novo disco sem um show vai ser bem chato, mas nos deixa mais pilhados para quando a oportunidade surgir de novo.

Indiquem 5 bandas de death metal nacionais que vocês ouvem e recomendam.

Mou: Somos grandes consumidores de bandas da região, pois são as bandas que dividem os palcos conosco no circuito gaúcho. Das bandas na ativa, indicamos Exterminate, Bloodwork, Burn the Mankind, Horror Chamber e Atropina. Dica bônus: Uma banda de thrash mas com um pézinho no death, Necromatório.

Douglas: Gostaria de citar além destas que o Mou citou, as bandas Khrophus, Lacerated and Carbonized, Clawn, Bloody Violence e Mawashi Geri.

Falem um pouco sobre a parceria com a Rapture Records e a importância dos selos no Brasil.

Douglas: Já conhecíamos o Geni da Rapture desde os primórdios, quando tocamos no Steel Festival, em Criciúma/SC, projeto organizado por ele e que teve mais de 70 edições. De lá pra cá houveram vários contatos ao longo dos anos, e como ele sempre fez um trabalho impecável firmamos mais uma vez a parceria para este disco, que é nosso primeiro Full Length. Acredito que um cena sem selos, não existe, só as bandas não teriam a rede de contatos que se forma através dos inúmeros contatos que um selo traz. Contato este entre público e demais selos e distribuidoras. Sempre trabalhamos de forma independente e na base do “Do it yourself” , e é natural a gente procurar pessoas que têm essa mentalidade. É nessa hora que os selos independentes fazem a diferença e a roda do underground girar.

Pelo último single, vimos que a banda é posicionada ideologicamente. Em tempos obscuros, qual é a importância em levar a mensagem contra o fascismo em letras ou posicionamentos?

Douglas: Nos posicionamos contra a opressão, vinda do estado ou da sociedade como um ser autônomo. Não se posicionar contra o fascismo é escolher o lado do opressor, entendo que por medo de represálias ou algo assim. Porém a música e as artes em geral, para mim, são o veículo mais forte de comunicação. Não usar esse poder é se acovardar. Eu simplesmente não consigo ver o caos que estamos mergulhados e não falar nada, não escrever sobre. Mesmo que seja metaforicamente, minha escrita tende à rebeldia, a luta contra o sistema, e claro a desesperança na raça humana. As letras expõem o lado podre do ser humano com suas alienações mundanas, seus medos e seus delírios obscuros, incluindo profundas alegorias de cunho social. 

Obrigado pela atenção e esse espaço é de vocês. Deixem contatos e as considerações finais. 

Mou: Agradecemos pela oportunidade, esperamos que gostem do nosso trabalho a ser lançado em seguida e não vemos a hora de ir tocar na região Nordeste do país, sempre ouvimos falar muito bem da cena! Grande abraço para todos e vida longa ao canal! 

Douglas: Muito obrigado pelo espaço, esperamos poder voltar a tocar em breve e com certeza ainda vamos tocar pela região nordeste

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