O nosso nordeste antifascista não tem decepcionado. Dentre tantas bandas de sonoridades brutais e posicionamentos combativos, a resenha de hoje é de um dos candidatos a melhor disco do ano: Brasil com Z dos maranhenses do Basttardz. Banda recomenda para fãs de Surra, Ratos de Porão, D.F.C, Municipal Waste e D.R.I.

A banda que se pronuncia bastardis mesmo, que nem o nosso querido Mussum chamaria alguém de “bastardo”, lançou o single Brasis com Z em 2019. Do single ao lançamento a crítica contra o neoimperialismo, principalmente o estadunidense, em todos os âmbitos, seja econômico, político e socio-cultural, deixa claro que ainda somos colônia, e como diria o grande Surra (claramente uma das inspirações da banda), se alguém aqui não percebeu, é o que véu da dita democracia anestesiou vocês. Fudeu, pra tu e pra mim, mas vamos ao que interessa que é o som!
“Fogo na Zona Sul”, fala sobre ódio da burguesia pela periferia, com um trecho real de um áudio do episódio “Os pobres vão à praia”, do programa Documento Especial (dos anos 90), em que moradores da área nobre do Rio de Janeiro se manifestam contra a entrada das pessoas de periferia nas praias da região. Essa faixa também foi lançada como single esse ano, para depois ser liberada com o álbum completo.
Com elementos do crossover entre thrash metal e hardcore, a sonoridade é daquelas que basta ouvir uma vez para ficar na sua cabeça. Destaque para a bateria que faz a vibração da banda ir Às alturas. Riffs e vocais enérgicos, graves bem marcados. Músicas simples e fuderosas.
O disco é extremamente consciente das críticas que faz. Com embasamento, fala de repressão policial nas periferias, o envenenamento dos alimentos pelos agrotóxicos, a crise do sistema carcerário brasileiro, analfabetismo, as grandes igrejas como instituições predatórias e não como lugares de fé, homofobia, racismo, ansiedade, corrupção e alienação.
O material que conta com pouco mais de 15 minutos (muito bem aproveitados), ainda encontra-se disponível apenas na versão digital, mas em breve terá sua versão física lançada pelo selo Bigorna Records. Se possível, garanta a sua cópia e apoie as bandas e selos independentes.