Sádica Utopia Convergente: O Bom e Velho DeathGrind!

Conversamos um pouco com o pessoal da banda SUC, deathgrind do interior paulista, que conta com um posicionamento bem marcado, letras conscientes e instrumental visceral. Confira!

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Verificamos que a baixista Egiliane começou a banda, deixou por um momento e retornou. Fale um pouco sobre a formação também. 

R: Primeiramente, gostaria de agradecer pela oportunidade de divulgar o trabalho da S.U.C. neste blog. Quem teve a ideia inicial de montar a SUC foi a Letícia, porém, consideramos o início da banda com a formação em quarteto com a Egiliane no baixo, Alice na Guitarra, Letícia nos vocais e eu Guilherme na bateria. Com essa formação que vieram os primeiros registros, primeiros shows e o primeiro EP lançado em 2016, intitulado com o nome da banda, “Sádica Utopia Convergente”. Ao longo dos anos a SUC contou com diversas formações que, de uma maneira ou de outra, influenciaram muito na nossa sonoridade. Essa formação atual está ativa desde o final do ano passado e sem dúvida alguma é a formação definitiva da banda. 

A banda, como em todo bom e velho grindcore, é posicionada politicamente. Como tem sido para vocês a vivência de um momento histórico tão conturbado, com a ascensão do fascismo? 

R: Cara, na verdade o que estamos vivendo é um pesadelo terrível. Pandemia que veio para exterminar os pobres e um mundo cada vez mais opressor e fascista. As pessoas de fato perderam a vergonha de reproduzir discursos preconceituosos e a internet potencializou tudo isso pro mal. Porém, esses fatos estão trazendo a tona uma emancipação dos movimentos sociais e de minorias. No caso do underground, vejo uma cena renovada por uma molecada muito mais ativa politicamente do que há 15 anos (época que eu comecei a gostar de som) e isso é extremamente positivo, não só para a cena coletiva e sim para cada indivíduo. 

A SUC é uma das poucas bandas do cenário extremo que além de duas mulheres, conta com integrantes pretos (o que para mim é muito importante, visto que mesmo morando em Recife, a cena é muito embranquecida). Essa é uma pauta nas letras de vocês? Há outras bandas extremas que contam com integrantes pretos e que abordam a temática racial em suas letras? Poderiam indicar? 

R: Excelente pergunta! Bom, infelizmente o underground ainda é um espaço bastante branco e elitista. Por mais que tenha pessoas bem intencionadas, o racismo é muito forte e presente como em qualquer espaço social. A SUC sempre foi uma banda que englobou diversos tipos de pauta, tem letras que falam sobre o racismo, machismo, homofobia entre outras questões que afetam demais a evolução de uma sociedade, até porque a banda é composta por pessoas que sofrem isso diariamente. 

Sobre a indicação, eu gostaria de recomendar o projeto Quilombo do meu grande amigo Panda Reis (Oligarquia/Armagedom/Brigada do Ódio), é uma banda de Death Metal contra o racismo. Já existem outras bandas de metal que trazem a temática racial, porém quando eu vi esse projeto foi a primeira vez que me senti representado de fato. Tem também a iniciativa “Preto no Metal”, que traz inúmeras bandas com integrantes negros em suas redes sociais e muitas abordagens sobre o racismo no mundo. Bandas e projetos como esse são extremamente importantes para a representatividade, pois através desses projetos muitos homens e mulheres pretas vão ver no underground uma canalização de protesto, empoderamento e conscientização. 

Vocês liberaram a faixa “Noisexcrementor” do próximo trabalho que irão liberar. Fale um pouco sobre o que está por vir. Serão quantas músicas? Sairá em material físico? Qual é a temática das letras?

R: Fizemos o lançamento desse primeiro full álbum da S.U.C na penúltima semana de junho. O álbum chama-se “Cartilha da Dor” e traz 14 sons, incluindo praticamente todos os sons que lançamos nos EPs anteriores, porém com uma qualidade de gravação muito melhor, e mais 3 sons novos feitos pela formação atual. Agora no final de junho/início de julho, faremos o lançamento nas plataformas digitais, mas pretendemos lançar o material físico também! Estamos em contato com alguns selos, dependeremos do apoio deles para que esse lançamento físico seja feito, senão ficaremos apenas nos streamings nesse primeiro momento. Bom, como são músicas e letras feitas em 2014 até 2019, a temática é a denúncia de todo o sofrimento, preconceito, desigualdade que enfrentamos no país, principalmente ao levarmos em consideração o genocídio que começou com a colonização europeia e que se estende até os dias atuais com os mesmos alvos. 

Como a pandemia afetou os planos de vocês?

R: A gente planejava tocar mais, fazer o lançamento do CD em shows, ainda mais nesse momento que saímos do estado de SP e fomos até MG, então esperávamos conhecer mais cidades e estados também, ampliar essa troca e fazermos novas amizades que o underground proporciona. Nós também começamos a compor novos sons em fevereiro, espero que a gente possa se reunir e compor mais sons juntos ainda esse ano. Mas acredito que essa pandemia pode estreitar os laços e que novas iniciativas virão, incluindo iniciativas sociais para que possamos, através do nosso protesto, ajudar e resistir. 

Indiquem 3 bandas independentes que vocês ouvem e realmente curtem o som e 3 bandas maiores que sejam de influência do som vocês.

R: Indicamos a Vermenoise, um trio de Sorocaba (SP) de Grindcore, uma banda que sempre caminha lado a lado nosso, nos dão uma força absurda e que conta com a Chris nos vocais que, além de tudo, é uma excelente artista visual. Indicamos a P.S.G (Poluição Sonora Gratuita), também um trio de Grindcore/Mincecore de Taubaté (SP), grandes amigos nossos que nos deram muito apoio e organizam o Taubaterror anualmente, trazendo bandas barulhentas do Brasil todo. E a última indicação de banda independente é a Industrial Holocaust, outro trio aí pra compor esse quadro, fazendo Noisecore desde 1991 e que também fortalecem muito o Underground brasileiro com a organização do São Caos, festival Underground anual, que conta com bandas nacionais e internacionais da cena. Já as bandas que nos influenciaram, não pode faltar o Napalm Death, Terrorizer e S.F.C, uma baita influência e também indicação nossa, banda de Grindcore de Lima (Peru), na ativa desde 2004 que conta com a Alice nos vocais sombrios. 7-

Obrigado pela atenção, esse espaço é de vocês.

R: Agradecemos muito ao convite, participar desse espaço é muito importante para nós, que vocês tenham muita força para continuarem com essa iniciativa e que em breve possamos nos encontrar pessoalmente nas gigs. Cuidem-se!

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