Surgida em 2008, em Belém do Pará, e remoldada em 2010, o Contraponto é uma banda que toca em temas como desigualdade social, preconceito e violência de uma forma diferente. Buscando sempre a politização dos espaços em que atua, a banda tem como temática as lutas da classe trabalhadora e da juventude e a construção do socialismo libertário. “Pagando o Pato” é o segundo álbum da banda, que foi lançado em 2018, mas vale a pena ser resenhado.

Ainda com Thyrza Sinely nos vocais, o trabalho teve a bateria gravada no Estúdio AUDIO VJ, com produção de Olívio Portugal. Já as guitarras e baixo foram gravados no no mesmo estúdio, mas com produção de Olívio Portugal e no Quarto do Paulo, com produção de Paulo Wallace. As vozes, por sua vez, foram gravadas no Fábrika Studio, com produção de Paulo Wallace. Mixagem e masterização por Paulo Wallace no Quarto do Paulo.
O álbum, que marcou os 10 anos da banda, se incia com a música “Não é Não”, que contou a participação da Luma (ex-vocalista Klitores Kaos). O som conta com alguns riffs clássicos do crust e uma bateria bem trabalhada. O destaque fica para os vocais de Thyrza e Luma que arrebentam no extremo, mandando a mensagem certeira ” CHEGA DE SUBMISSÃO // MINHA LUTA NÃO É EM VÃO //RESPEITE MINHA REJEIÇÃO//
EU QUERO REVOLUÇÃO”. Na sequência os riffs introdutórios de “Início do Fim” já deixam o clima que está por vir: denúncia do golpe e a farsa”democraticamente” eleita de Jair Bolsonaro. As variações de vocais entre o rasgado e o gutural nos passam o mesmo ódio que sentimos ao relembrar de todo o percurso da tomada de poder pela extrema direita. “Barbárie” é um som de apenas 1 minuto e 24 segundos com apenas duas frases, mas que você vai colocar no repeat. “Barbárie II” continua sobre a temática que denuncia o desmonte do SUS, sistema que já foi referência mundial de saúde pública e hoje é constantemente atacado por investidas neoliberais que querem acabar com o serviço gratuito e privatizar tudo. Na metade do disco, temos “Frente Popular” que tem uma pegada mais hardcore punk, muito empolgante. “Realidade Cruel”, por sua vez, fala sobre menores que, em condições de abandono do Estado, acabam no tráfico. “American Way of Life” é som que mais curti, com riffs criativos, d-beat frenético, vocal bem cravado e denúncia do imperialismo estadunidense. “Meritocracia” como se supõe, fala sobre a falácia que nos é empurrada, destaque para as linhas de baixo que ficaram muito boas. “Pagando o Pato” que dá título ao álbum é um dos sons mais bem construídos, com um berro incial de causar medo a todo o sistema S, que financiou o golpe. Fechando, temos “Guerra Inútil” que denuncia a Polícia Militar (que tem que acabar). Os fãs de Wolfbrigade vão curtir muito o som.
Sem dúvidas, esse foi um dos lançamentos excelentes que tivemos ano passado. Sugerimos uma maior atenção na mix, para que o instrumental brilhe tanto quanto o vocal em próximos lançamentos, mas não é nada que tire toda a qualidade criativa da banda. Atualmente, sem a Thyrza no vocal, a banda segue como trio, tendo lançado o single “Desespero” agora em 2019. Ficamos no aguardo de novos lançamentos.